30/08/2006 - 7:00
Quando comprou o Shopping Iguatemi São Paulo, em 1979, a família Jereissati foi chamada de louca. É que naquela época os integrantes da elite paulistana preferiam desfilar nas badaladas ruas dos Jardins (como Oscar Freire e Augusta) a ficar trancados em um centro comercial. Em 1995, os Jereissati foram ?saudados? da mesma forma ao gastar R$ 220 milhões na construção do shopping Market Place, também em São Paulo e situado a menos de 50 metros do tradicional e consolidado MorumbiShopping. A exemplo do Iguatemi, que se transformou no maior templo de luxo da América Latina com faturamento de quase R$ 1,5 bilhão, o Market Place é hoje uma grata surpresa para a Iguatemi Empresa de Shopping Centers S/A. Tanto que essa divisão do Grupo Jereissati está ampliando sua aposta no Market Place. As mudanças vão atingir mais fortemente a área de lazer. O parque de diversão Fantasy Place será transferido do térreo para o terceiro andar, abrindo espaço para mais 50 lojas e quatro restaurantes, elevando para 220 o número de pontos-de-venda. O gasto será de R$ 20 milhões e as obras devem ser concluídas até o final de 2007. A idéia é juntar em um mesmo local novas grifes nacionais de prestígio (Doc Dog, Farm e Mandi), lojas sofisticadas (Presentes Mickey) e restaurantes moderninhos como Outback. A fórmula é parecida com aquela que garantiu o sucesso do Iguatemi. Carlos Jereissati Filho, superintendente da Empresa de Shopping Centers S/A, nega que pretenda criar um Iguatemi da zona sul. ?O Iguatemi é único,? diz ele. ?O que estamos fazendo é reforçar o Market Place como um lugar atraente para as classes A e B.?
Segundo o empresário, o grupo jamais pensou em concorrer com o MorumbiShopping (que possui 404 lojas e vai gastar R$ 70 milhões para erguer outras 83). Desde o início, a idéia era despontar como uma opção sob medida para o público de alta renda da região. O consultor André Robic, especialista em comportamento do consumidor, avalia que o Grupo Jereissati está no caminho certo. ?Assim como acontece nos EUA, os brasileiros endinheirados preferem locais de menor tamanho, dotados de serviços e perto de suas residências?, argumenta. E não será por falta de endinheirados que o projeto de Jereissati irá naufragar. Nos últimos dez anos, o eixo Berrini-Morumbi-Brooklin ganhou vários empreendimentos comerciais (Rede Globo, Vivo e BankBoston), hotéis (Hyatt e Hilton) e edifícios residenciais cujas unidades são vendidas por mais de R$ 500 mil. Mas o apetite de Jereissati Filho não se resume ao Market Place. O Grupo Jereissati tem em caixa R$ 85 milhões para gastar em sua divisão de varejo. Desse total, R$ 40 milhões serão usados na construção de um edifício-garagem, com 800 vagas, no Iguatemi São Paulo. O Praia de Belas, de Porto Alegre (RS), é outro que será contemplado. Jereissati Filho também irá fincar sua bandeira na capital de Santa Catarina, com o Iguatemi Florianópolis. Trata-se de um empreendimento com 200 lojas, no qual foram aplicados R$ 160 milhões. A inauguração está prevista para 2007. Luxo é a arma dos Jereissati para combater o gigantismo de shoppings rivais. Vem dando certo.