13/09/2006 - 7:00
Entre o final dos anos 60 e início dos 80, o jogador Paulo Cézar Lima, o Caju, brilhava dentro e fora dos gramados. Em campo, exibia um toque de bola refinado, com dribles curtos e inesperados e estilo de jogo cadenciado. Fora das quatro linhas, irreverente, demonstrava uma inesgotável capacidade de gerar polêmicas com a imprensa e a torcida adversária. Agora, Caju volta a chamar para si os holofotes. Ele é um dos mais entusiasmados participantes da Associação dos Campeões Mundiais, entidade que reunirá jogadores que participaram da conquista dos cinco títulos mundiais do Brasil. Existem hoje no mundo 238 campeões, e 82 deles são brasileiros. Desses, 47 já estão filiados à associação, entre eles craques de diversas gerações, como Rivellino, Djalma Santos, Gerson, Bellini, Carlos Alberto Torres, Félix, Jairzinho, Raí, entre outros. O atual técnico da seleção, Dunga, também aderiu. Seu braço direito, Jorginho, idem. O maior de todos, Pelé, já se comprometeu a assinar a ficha de inscrição. A entidade nascerá em alto estilo. No próximo dia 14 de setembro, quinta-feira, um jantar num dos endereços mais sofisticados de São Paulo, a Casa Fasano, marcará o início das atividades.
O ponto alto do evento será o leilão de 80 bolas pintadas por personalidades. Nelas há assinaturas da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, dos compositores Nando Reis e Toquinho, do líder religioso Henry Sobel e do empresário Pedro Paulo Diniz. Para o final estarão reservadas as ?gorduchinhas? que provavelmente despertarão a maior cobiça dos presentes, a de Pelé e a do estilista Giorgio Armani. O dinheiro arrecadado será revertido para a entidade recém-criada. ?Nossa principal missão será dar apoio aos ex-jogadores campeões mundiais?, diz Marcelo Neves, o idealizador da associação. ?Depois de darem imensa alegria aos brasileiros, muitos deles enfrentam dificuldades financeiras, sem ter quem os ajude.? Mesmo entre os campeões de 1994, quando o futebol já rendia salários e contratos publicitários milionários, há boleiros sufocados pela falta de dinheiro. Neves conhece de perto essa realidade. Filho de um dos mitos do futebol nacional, o goleiro Gilmar, titular das campanhas de 1958 e 1962, há seis anos ele viu seu pai lutar pela vida depois de sofrer um derrame cerebral. ?Felizmente tínhamos condições financeiras para lhe dar o tratamento necessário. Mas outros craques não tiveram a mesma sorte.?
Por isso, a associação planeja oferecer um plano de saúde para todos os seus membros e extensivo às famílias. Outra providência será a contratação de advogados para defender os ex-jogadores. ?Há empresas que exploram publicitariamente a imagem dos campeões e não desembolsam um centavo por isso?, revolta-se Neves. A associação também incentivará a contratação de jogadores para dar palestras em empresas. O ABN Real, por exemplo, quer que cinco deles corram o Brasil em reuniões motivacionais para seus funcionários. Há a expectativa de que, durante o evento do dia 14, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, anuncie um patrocínio mensal para a associação. ?Não queremos apenas homenagem. Queremos apoio?, diz Caju. ?Os jogadores raramente estão preparados para a vida depois de pendurar as chuteiras. Aí começam os problemas, tanto financeiros como emocionais. A associação pode nos ajudar.?