A nostalgia acelera a vida de marmanjos apaixonados por carros. Uma atividade conquista novos adeptos no Brasil: a reconstrução de veículos que fizeram história. Trata-se de refazê-los tal qual os originais. É brincadeira levada a sério. As 11 etapas do Campeonato Paulista de Carros Antigos, promovido pela Federação de Automobilismo de São Paulo, servirão de vitrine para essa turma. No jogo, só vale ligar o motor de carros criados no máximo até 1974. Há, evidentemente, as estrelas de primeira grandeza. José Ricardo de Oliveira, proprietário da ZR Soluções Automotivas, competirá com o seu Fusca vermelho, de número 87. Idêntico ao dos irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi, que virou lenda no final dos anos 60. Venceu os 1.000 km da Guanabara e as 12 Horas de Porto Alegre. ?Ninguém tinha fotos do carro e as poucas que encontrei estavam estragadas?, diz Oliveira. Ao longo de dois anos de trabalho, entre pesquisa e construção do protótipo, ele desembolsou R$ 35 mil. O Fusca, hoje, virou troféu de toda uma vida. ?Esse meu fascínio vem desde criança, quando olhava para o Fusca do meu avô e pensava: um dia vou ter um desse?, conta Oliveira.

 

A brincadeira serve também para amenizar saudades. O piloto Ingo Hoffmann venceu o Campeonato Brasileiro da Divisão 3 de 1974 com uma Brasília de cores azul, vermelha e branca. Pendurado em dívidas, ele a vendeu. ?Essa Brasília marcou mais a minha vida do que minha passagem pela Fórmula 1?, conta Hoffmann. Um empresário da área de seguros e fascinado pelos autos antigos tratou de pô-la de volta no asfalto. Para isso, se associou ao mesmo artista plástico que a pintara, Sid Mosca. ?Foi um desafio lembrar de todos os detalhes depois de 30 anos?, diz Mosca. A iniciativa deu certo. ?Fiquei muito emocionado ao saber que estavam reconstruindo meu carro?, resume Hoffmann.