Há três gerações o sobrenome Grunwald é conhecido mundialmente por quem lida com o comércio de diamantes. Primeiro foi Guilherme, nos anos 40. Judeu húngaro, fugiu dos nazistas e veio parar num garimpo em Mato Grosso. Começou sozinho, mas encontrou uma pedra grande e comprou quatro jazidas só para ele. Depois, seu filho Geraldo tirou os negócios do meio do mato: transformou-se, na década de 80, num dos maiores exportadores brasileiros de diamantes brutos. Agora chegou a vez de Jamille Grunwald, a primogênita de Geraldo. Ela é uma espécie de celebridade nas feiras internacionais do setor, um meio predominantemente masculino. Em suas mãos, está o comando da novata rede de joalherias da família, a Princess Jóias, considerada por alguns o metro quadrado mais rentável do segmento no País. São apenas três lojas (Cuiabá, Campo Grande e Belém) e dois escritórios de atendimento com hora marcada (São Paulo e Rio de Janeiro). Mas Jamille fala em inaugurar mais 20 pontos em cinco anos, ao custo de R$ 1 milhão cada. ?Seremos tão bons ou melhores que a Tiffany?s?, diz ela, sem a menor cerimônia.

 

Retórica barata? Quem conhece a Princess de perto jura que não. ?O grande diferencial deles está no atendimento?, explica o consultor de marcas de luxo Carlos Ferreirinha. ?Como nasceram e cresceram nos rincões do País, eles tiveram que ensinar um consumidor desacostumado ao luxo a comprar.? Não apenas jóias com brilhantes ? a especialidade da casa ?, mas presentes finos como relógios, cristais, canetas, etc. E de fato é comum chegar à loja de Cuiabá um fazendeiro de bota e chapéu querendo levar ?aquele relógio da coroa? (Rolex). Jamille sorri, fala sobre a origem da peça, sua história, tradição e aproveita para mostrar também um Cartier, um Tag Heuer. O cliente sai feliz da vida, com seu mimo embalado numa caixinha de madeira revestida de seda que custa R$ 50 para a empresa. Se quiser, pode até ?pendurar? a conta. ?Sempre vendemos fiado. Às vezes, são compras de US$ 30 mi, US$ 50 mil. Depois a pessoa volta e acerta, com dinheiro vivo embrulhado num saco de pão?, conta Jamille.