De passagem pelo Brasil, onde participa de um masterclass no Gramado Summit nesta quarta-feira (30), o “Lobo de Wall Street”, Jordan Belfort, acredita que os próximos seis meses serão importantes para que as empresas e investidores tracem estratégias de saída da crise gerada pela covid-19.

Em coletiva a um grupo de jornalistas antes da participação no evento de inovação e tecnologia, Belfort comentou que setores devastados diretamente pelos efeitos do lockdown em todo o mundo, como o aéreo, estão adotando uma tática de reorganização que mais gera medo do que confiança.

“As companhias aéreas estão agindo do modo errado agora. Do jeito que eles estão fazendo parece que você está pronto para contrair covid-19 assim que entra no avião. Eu não gostaria de estar no mercado das aéreas, ou dos restaurantes”, disse Jordan Belfort.

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Sua crítica vai diretamente aos decretos de lockdown contra o coronavírus, já que as “decisões foram baseadas em política” e as economias entraram em colapso.

Na outra ponta do barco, como é o caso das big techs, todas valorizadas desde o início do ano e diretamente beneficiadas pela reclusão das pessoas em suas casas, Belfort mantém um pouco mais de cautela.

Ele avalia que pode ser um bom negócio investir agora em papéis como os da Amazon, Apple, Facebook e Zoom, mas a visão de longo prazo é algo a ser levado em consideração.

“É preciso pensar o que vai acontecer nos próximos 3 anos, não onde estão agora”, indicou ele dizendo que provavelmente o mercado de tecnologia esteja, de fato, em uma bolha como analistas de mercado apontam.

Questionado se o mesmo raciocínio vale para companhias como a Tesla, que se tornou a montadora mais valiosa do mundo neste ano e desponta como uma das principais empresas de inovação automotiva no futuro, Belfort foi mais comedido. Em sua opinião, a Tesla ganha notoriedade muito em função de seu dono, o multimilionário Elon Musk.

“A Tesla tem seu valor por conta do Elon Musk e eu o acho brilhante. Eu não apostaria contra o Elon”, revelou.

Quem lacra não lucra

É comum ver críticos de empresas que apoiam questões de gênero dizendo que “quem lacra não lucra” e Jordan Belfort acredita o mesmo. Ao ser perguntado sobre o que acha de empresas que apoiam os movimentos raciais, como o Black Lives Matter, e de gênero não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo, o “lobo de Wall Street” foi taxativo: são todas hipócritas.

A afirmativa vai no sentido de que o discurso de mercado delas só tem validade se o produto que elas vendem está relacionado àquilo.

“Temos que parar de misturar política com negócios. Eu só continuo comprando daquela empresa se o que eles vendem está de acordo com o que eles defendem. Quando a Nike contratou o Colin Kaepernick [ex-jogador de futebol americano e responsável por uma das maiores polêmicas no esporte ao se ajoelhar durante o hino dos Estados Unidos em protesto a morte de negros] eu parei de comprar a Nike”, apontou Belfort, que diz não ter algo contra a Nike, mas também não concorda com a política de mercado da empresa e seu discurso público.

Em sua opinião, é preciso parar de dar espaço para empresas “folgadas” e pessoas “estúpidas”. Ele afirma que não é homofóbico ou racista, mas fica alterado quando vê companhias que se promovem em cima do trabalho dos outros, ou defendem princípios que não condizem com o que vendem.

A história de Belfort ficou famosa no filme “O Lobo de Wall Street” e hoje ele vive de dar palestras e alimentar sua página no YouTube.