Enquanto a Polícia Federal fazia buscas e apreensões na Gerdau em  vários Estados e o presidente do grupo, André Gerdau, comparecia à sede  da PF para prestar esclarecimentos sobre a suspeita de que a empresa  tenha sonegado R$ 1,5 bilhão, seu pai, Jorge Gerdau Johannpeter, estava  no Palácio do Planalto. Ele participava, ao lado dos ministros da Casa  Civil, Jaques Wagner, e da Indústria, Comércio e Desenvolvimento,  Armando Monteiro, de reunião com outros empresários do setor de aço para  discutir alternativas para os impactos que o setor está sofrendo, por  conta da super oferta de aço no mundo e queda de consumo do produto no  Brasil. O ministro interino da Fazenda, Dyogo Oliveira, também estava no  encontro.

O empresário, além de presidir o Conselho  Consultivo do Grupo Gerdau, integra o Conselho de Desenvolvimento  Econômico e Social, o Conselhão, que é presidido por Dilma Rousseff.  Gerdau é próximo à presidente Dilma e o empresário é um dos principais  interlocutores entre o empresariado e o Planalto. Nos últimos anos,  Gerdau participou da elaboração de políticas industriais às discussões  em torno dos mais importantes projetos estruturantes em curso no país,  principalmente na área das concessões públicas.

Gerdau  ficou no 4º andar do Planalto entre 9 horas e 10 horas, período que  durou a reunião. Mas ele não se encontrou com a presidente Dilma, que  estava em seu gabinete, no 3º andar, desde às 9h20.

No  encontro sobre o aço, segundo assegurou um dos presentes, não foi citado  em nenhum momento a nova fase da Operação Zelotes, que estava sendo  realizada pela Polícia Federal, na qual os investigadores descobriram  que a Gerdau autorizou a subcontratação de escritórios para atuar no  Carf – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Os investigadores  estimam que o grupo Gerdau, que atua em 14 países, tenha tentado sonegar  R$ 1,5 bilhão, pagando propina a integrantes do Carf.

Na  reunião do aço estavam presentes também os titulares da ArcelorMittal  S.A., da Companhia Siderúrgica Nacional e o presidente da Aço Brasil,  entre outros. Os empresários, que relataram que a situação no setor  ”está se agravando” por causa da redução de produção e venda de carros,  de máquinas e da construção civil, pediram ao governo aumento da  alíquota de importação do aço para ajudar a proteger a indústria  nacional. O governo, no entanto, disse que a proposta não pode ser  aceita porque seria um sinal “muito ruim” para o mercado internacional.