O crash da Americanas SA, que noticiou um rombo de R$ 20 bilhões esta semana, já rendeu outras perdas. Segundo a Forbes, Jorge Paulo Lemann, o mais rico do Brasil, e outros dois empresários,  perderam mais de R$ 3 bilhões em um dia, após as ações da Americanas (AMER3) caírem 77% ontem (12). Ações da empresa fecharam o dia cotadas a R$ 2,72.

Ambos acionistas já eram donos de fatias da holding brasileira. Lemann teve a fortuna reduzida em US$ 329 milhões, o equivalente a R$ 1,6 bilhão. Carlos Alberto Sicupira perdeu aproximadamente US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão); por fim, Marcel Herrmann Telles perdeu US$ 173 milhões (R$ 882 milhões). 

+ Ibovespa recua, mas caminha para ganho semanal; Americanas sobe

Segundo Gustavo Herkenhoff Moreira, professor e coordenador dos MBAs de Finanças do Ibmec, o prejuízo ocorreu por ambos serem já acionistas da Americanas. “Eles já mantinham determinada quantidade de ações, que desvalorizam após o anúncio do rombo; por exemplo, se antes tinham 10 apartamentos com R$ 1 milhão cada, hoje a ação, ao invés de valer R$ 12, caiu para baixo de R$ 3. Os bens que ele detém, portanto, valem menos. 

O professor afirma, porém, que não houve uma ação ‘imprudente’, já que a participação elevada de Lemann, Telles e Sicupira como acionistas, que não se trata de investimento de portfólio, e sim de uma participação maior, gera também mais riscos. Mesmo assim, há benefícios, como maior voz administrativa, já que são acionistas mais relevantes. 

Como evitar mais perdas?

Para investidores mais ‘comuns’, o professor orienta que a carteira deve estar diversificada. “O investidor deve estar atento, com um portfólio diversificado, assim, podendo eliminar o risco específico, mantendo apenas o chamado risco de mercado, que é comum. Se há pequenas participações em diversas empresas, e mesmo assim quiser investir na Americanas, por exemplo, haverá perda de dinheiro, mas ganhos em outras empresas de qualidade e gestores também de qualidade”, explica Moreira.

Ele explica também que existem dois tipos de riscos quando se fala em investimentos. “Há o risco de mercado é compartilhado empresas, como impacto de PIB, aumento de taxas de juros, inadimplência, com situações de risco sistêmico, de estar investindo em renda variável; há também o risco específico de cada empresa, que é a renda do varejo, a confiança do consumidor, a venda no varejo, taxas, entre outras”. 

O mercado espera uma inconsistência grande – até pior do que o que já se sabe – e assim as ações podem desvalorizar ainda mais,  sugere o professor. “O que aconteceu na Americanas está mais associado ao risco específico. Nesse caso, o investidor pode, tecnicamente falando, eliminar esse investimento, se tiver portfólio diversificado. Mas antecipar uma situação não seria possível”, finaliza.