LISBOA (Reuters) – O ex-presidente de Portugal Jorge Sampaio, que fez história nacional em 2005 com um uso extraordinário dos seus poderes para dissolver o Parlamento e derrubar um governo de maioria instável, morreu nesta sexta-feira aos 81 anos.

A causa da morte não foi divulgada, embora Sampaio estivesse internado desde 27 de agosto com dificuldades respiratórias.

Depois de um primeiro mandato sem intercorrências entre 1996 e 2001, o afável ex-advogado socialista conquistou outro mandato de cinco anos que se revelou mais turbulento e mostrou a força dos poderes presidenciais no que normalmente é um cargo cerimonial.

Ele usou seus poderes presidenciais, muitas vezes apelidados de “bomba atômica” em Portugal, para dissolver o Parlamento e convocar novas eleições para fevereiro de 2005, o que trouxe os socialistas de volta ao comando sob o primeiro-ministro José Sócrates.

Ele foi o único presidente a usar esse poder enquanto um governo com maioria parlamentar governava Portugal.

Jorge Fernando Branco de Sampaio nasceu numa família liberal de classe média em Lisboa. Quando criança, morou com os pais nos Estados Unidos, onde seu pai estudou saúde pública e mais tarde na Inglaterra. Ele falava inglês fluentemente.

Estudou Direito na Universidade de Lisboa e na década de 1960 o advogado ruivo e de óculos ganhou destaque na defesa dos presos políticos do regime fascista de António Salazar.

Sampaio tornou-se politicamente ativo pela primeira vez na oposição clandestina de esquerda. Após a revolução de 1974 que trouxe a democracia a Portugal, fundou o Movimento de Esquerda Socialista, mas logo abandonou o projeto e em 1978 ingressou no Partido Socialista, tornando-se seu secretário-geral em 1989.

Torcedor fervoroso do Sporting, Sampaio teve dois filhos com a segunda mulher Maria José Rita.

(Por Patricia Rua, Catarina Demony e Andrei Khalip)

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