O jornalista Breno Altman – amigo do ex-ministro José Dirceu –  afirmou nesta segunda-feira, 12, ao juiz federal Sérgio Moro que a  suposta chantagem contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo  empresário Ronan Maria Pinto, dono de empresas de ônibus em Santo André  (SP), é uma fantasia. O operador do mensalão Marcos Valério confirmou em  juízo saber de suposta cobrança ao PT de R$ 6 milhões pelo empresário,  que teria como objetivo a compra do jornal Diário do Grande ABC, em  2004.

“Acho isso uma grande fantasia. Quando vi essa  informação, e eu tenho bastante relação com algum dos personagens  citados, achei isso uma dessas coisa que no meu ramo de atividade isso é  comum de acontecer, invenção de informação”, afirmou Altman.

O  jornalista é réu junto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o  ex-secretário do partido Sílvio Pereira e do operador de propinas do  mensalão Marcos Valério. A força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba,  sustenta no processo que, o PT levantou em 2004 no banco Schahin R$ 12  milhões por meio de um empréstimo fraudulento em nome do pecuarista José  Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Metade  teria sido enviada para o empresário de Santo André (SP) Ronan Maria  Pinto e outra metade para os publicitários Armando Peralta e Giovanni  Favieri, responsáveis por uma campanha de prefeito de Campinas, ligados  ao ex-governador Zéca do PT – responsável por aproximar Lula e Bumlai.

A  dívida nunca foi quitada diretamente, mas sim com um contrato do  esquema de cartel e corrupção na Petrobras dirigido para o Grupo Schahin  de operação de um navio-sonda, usado para explorar petróleo em alto mar  - negócio de US$ 1,6 bilhões, fechado em 2009.

O  jornalista disse que auxiliou Ronan após a compra do jornal Diário do  Grande ABC, mas negou saber do empréstimo, de chantagem ou de ilícitos  no negócios. O jornalista foi alvo de condução coercitiva na 27 fase das  apurações, batizada de Operação Carbono 14, havia afirmado em  depoimento à Polícia Federal que “desconhece as razões” que levaram o  empresário do ABC a comprar parte do jornal Diário do Grande ABC. Altman  disse ao juiz que conheceu Ronan via ex-prefeito de Santo Davi  Capistrano (morto em 2000).

Filiado ao PT desde 1986,  Altman é amigo do ex-ministro José Dirceu – preso e condenado na Lava  Jato – e um dos principais pensadores do PT. Conhece Ronan Maria Pinto e  o ex-secretário do PT Silvio Pereira desde os anos 1980. Os dois são  réus no processo e foram presos temporariamente na Carbono 14. O  ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi conduzido coercitivamente e  também depôs nesta segunda-feira, para Moro.

Altman disse  não ser verdade que ele tenha participado de uma reunião com Ronan,  Silvio Pereira e Marcos Valério, em São Paulo, em que teria sido cobrado  o pagamentos dos R$ 6 milhões. “Isso não é verdade. Nunca participei de  reunião com o senhor Marcos Valério. Nem nunca estive nesse hotel. É  uma mentira.”

Chantagem

Outro réu  ouvido ontem foi o publicitário Marcos Valério, pivô do mensalão. Em  2012, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, ele afirmou que  Ronan estaria chantageando o ex-presidente Lula, e os ex-ministros José  Dirceu e Gilberto Carvalho e poderia revelar novos nomes no polêmico  caso Celso Daniel. Valério teria participado de uma reunião com Ronan  Maria na capital paulista na qual teriam tratado do repasse dos R$ 6  milhões para comprar 50% do Diário do Grande ABC.

Silvio  Pereira teria dito a ele, em 2004, que “o presidente está com um  problema muito sério, está sendo chantageado por uma pessoa, e essa  pessoa está exigindo um recurso no valor de R$ 6 milhões”. “Em 2004, eu  estava na SMP&B Comunicação e recebo um telefone do senhor Sílvio  Pereira”, afirmou. A SMP&B teria sido acionada porque “tinha  recursos a repassar” ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do esquema  do mensalão.