04/08/2021 - 4:15
O estudante de medicina Enya Egbe, da Universidade de Calabar, na Nigéria, fugiu da aula de anatomia chorando depois que descobriu que o cadáver era de um amigo.
Segundo matéria da emissora estatal britânica BBC, o jovem de 26 anos ainda se lembra vividamente daquela quinta à tarde, há sete anos, quando estava junto dos colegas de curso ao lado de três mesas de dissecação. Minutos depois de a aula ter iniciado, ele gritou e correu, revela a emissora. Isso porque o corpo que seu grupo estava prestes a dissecar era de Divine, um amigo de Enya Egbe.
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“Costumávamos ir a clubes juntos. Havia dois buracos de bala no lado direito de seu peito”, conta o nigeriano à BBC. O colega Oyifo Ana foi um dos muitos que correram atrás de Egbe e o encontraram chorando do lado de fora da universidade. “A maioria dos cadáveres que usamos na escola tinha perfurações de bala. Eu me senti muito mal quando percebi que alguns corpos podem não ser de criminosos de verdade”, comenta Oyifo à emissora.
De acordo com a BBC, Enya Egbe enviou uma mensagem à família de Divine que, ao que parece, estava procurando pelo rapaz e haviam comparecido a diferentes delegacias depois que ele e outras três pessoas foram presos por agentes de segurança quando voltavam de uma balada.
A família finalmente conseguiu recuperar o corpo de Divine, afirma a matéria. A chocante descoberta do estudante de medicina, conforme a BBC, revela a falta de cadáveres disponíveis na Nigéria para aulas de anatomia. Isso estaria levando as instituições a usarem vítimas de ações policiais.
Como mostra a emissora britânica, na Nigéria, existe uma lei que afirma que corpos não reclamados em necrotérios do governo podem ser usados por escolas de medicina. O estado também pode se apropriar de corpos de criminosos executados (pena de morte), embora a última execução tenha ocorrido em 2007.