O ano letivo começou e, com ele, volta à tona um dilema paterno: como educar os filhos para a vida financeira? ?É muito difícil resistir a um pedido de presente dos meus filhos?, conta a dentista paulistana Luiza Levy, mãe de Gabriel, de 10 anos, e Daniella, de 8 anos. Ela e o marido, Alan, confessam que muitas vezes se sentem perdidos, sem saber o melhor caminho a seguir. DINHEIRO ouviu duas respeitadas consultoras de finanças de família, Cassia D?Aquino e Sandra Blanco, sobre os principais mitos relacionados ao universo do consumo e onde está a verdade por trás deles.

MITO ? Dinheiro não é assunto para menores.
VERDADE
? Falar sobre dinheiro é, sim, muito saudável. O exemplo dos pais, porém, é crucial. Casais que não discutem suas finanças ensinam o mesmo aos filhos. O momento ideal para uma primeira conversa é quando a criança faz os primeiros pedidos, por volta dos 2 anos e meio de idade. O modo como se constrói a relação do futuro adulto com o dinheiro firma-se até os cinco anos.

MITO ? Dê uma mesada e deixe o filho aprender sozinho como controlá-la.
VERDADE
? Bobagem. Acompanhe os gastos, mas evite cometer erros como vincular o dinheiro a notas na escola. A mesada é um instrumento de educação financeira. Sem um objetivo educacional que a sustente, não faz sentido. Aliás, mesada só vale para filhos acima de 11 anos. Os mais novos devem receber semanalmente, pois não sabem trabalhar com prazos longos.

MITO ? A televisão incentiva as crianças a gastar em excesso.
VERDADE
? A TV é um problema quando usada como babá eletrônica, sem critérios. O ideal é que os familiares sempre acompanhem a programação juntos. Proibir a criança de ver TV é a pior saída. O certo é dar instrumentos para que ela desenvolva senso crítico. Uma brincadeira sugerida: peça aos filhos que comparem o tempo dedicado às propagandas com o tempo de exibição dos programas e discutam o tema. Isso ajudará os pequenos a conviver bem com o mundo do consumo.

MITO ? Cartão de crédito é mais seguro que dinheiro.
VERDADE
? Pouco provável. Os consultores acreditam que a maior parte dos pais dá cartão de crédito sob o pretexto de proteger contra roubos e assaltos. Mas o objetivo real é apenas controlar os filhos, saber onde e em que eles estão gastando. Uma ilusão, pois qualquer adolescente sabe enganar os pais. Dar dinheiro é sempre melhor porque o filho consegue visualizar suas despesas.

MITO ? Celular ajuda a localizar o filho e pode ser útil em situações de perigo.
VERDADE
? O que está por trás dessa idéia, provavelmente, é a vigilância. Para adolescentes pode ser bastante útil, mas deixar que paguem a conta é crueldade ? nessa idade, como se sabe, falar ao telefone é uma paixão. Mas os especialistas são categóricos: crianças de até 11 anos não precisam de celular. Se o filho bater o pé, resista. Ele deve aprender a receber um não.