11/04/2019 - 10:21
O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, hospedou-se por quase sete anos na embaixada do Equador em Londres, antes de ser preso, nesta quinta-feira (11) pela polícia britânica. Seguem abaixo as principais etapas do seu caso:
– Revelações e mandado de prisão –
No final de julho de 2010, a imprensa mundial publica 70.000 documentos confidenciais sobre as operações da coalizão internacional no Afeganistão vazados pelo site WikiLeaks. Cerca de 400.000 relatórios sobre a invasão americana no Iraque são publicados em outubro e um mês depois, o conteúdo de 250.000 e-mails diplomáticos americanos.
Em 18 de novembro, a Suécia emite um mandato de prisão europeu contra Julian Assange no âmbito de uma investigação por estupro e agressão sexual de duas suecas em outubro de 2010. Assange assegura que as relações sexuais foram consensuais.
Assange se entrega à polícia britânica em 7 de dezembro. Ele é detido por nove dias e depois é colocado em prisão domiciliar em Suffolk (leste da Inglaterra).
Em fevereiro de 2011, um tribunal londrino valida o pedido de extradição da Suécia. O australiano teme ser extraditado para os Estados Unidos e lá ser julgado pela publicação dos documentos secretos americanos.
– Refúgio na embaixada do Equador –
Em 19 de junho de 2012, após esgotar seus recursos, Assange se refugia na embaixada do Equador em Londres e solicita asilo político. O Equador, então presidido por Rafael Correa, concede a ele o asilo em agosto.
Em 2013, Quito exige, em vão, um salvo conduto de Londres para que Assange viaje ao Equador.
– Nações Unidas acionadas –
Em janeiro de 2016, as autoridades equatorianas rejeitam o pedido da Justiça sueca de interrogar Assange, indicando a sua intenção de interrogá-lo por conta própria.
Um grupo de trabalho da ONU estima em fevereiro que Assange é vítima de uma “detenção ilegal e arbitrária” e pede à Suécia e ao Reino Unido que o indenize. Os dois países rejeitam suas conclusões, não vinculativas.
– Caso de estupro arquivado –
Em janeiro de 2017, Assange diz que está pronto para ir aos Estados Unidos, desde que seus direitos estejam garantidos. Sua declaração é feita quando Chelsea Manning, antes conhecido como Bradley Manning, sentenciada em 2013 a 35 anos de prisão por vazar mais de 700.000 documentos confidenciais para o site, vê sua sentença reduzida.
A jovem militar transgênera será libertada quatro meses depois. Ela será presa novamente em março de 2019, devido a sua recusa em testemunhar em uma investigação do WikiLeaks.
Em maio, a Justiça sueca arquiva as acusações de estupro.
O novo presidente equatoriano, Lenin Moreno, anuncia que o “hacker” pode ficar em sua embaixada.
Em dezembro, Quito concede a nacionalidade equatoriana a Assange e pede a Londres que lhe conceda status diplomático. O Reino Unido nega.
– Quito perde a paciência –
Em janeiro de 2018, o governo equatoriano diz que procura uma “mediação” para chegar a um acordo com Londres sobre a situação “insustentável” de Assange.
Em fevereiro, a Justiça britânica mantém o mandado de prisão contra ele por violar as condições de sua liberdade condicional em 2012, refugiando-se na embaixada equatoriana.
No final de março, incomodado com suas postagens no Twitter, o governo equatoriano corta a internet e os sistemas de comunicação do australiano (que serão parcialmente restaurados).
Em outubro, Quito impõe a ele um protocolo que rege suas visitas, suas comunicações e até mesmo sua higiene na embaixada, cujo desrespeito poderia levar ao “fim do asilo”.
Promotores públicos americanos revelam em novembro, inadvertidamente, uma acusação contra o australiano, que deveria ser mantida em segredo.
– Prisão na embaixada –
Em 2 de abril 2019, o chefe de Estado equatoriano afirma que Assange “violou reiteradamente” suas condições de asilo.
Em 11 de abril o Equador retira o asilo e a cidadania concedidos a Assange, que é preso na embaixada pela polícia britânica.
O Wikileaks acusa o Equador de acabar “ilegalmente” com o asilo e de ter “convidado” a polícia britânica à embaixada. O presidente equatoriano afirma que agiu “de maneira soberana”.
Na Suécia, o advogado de uma das mulheres que acusou Assange anuncia que ela vai solicitar a abertura da investigação por estupro.