O anúncio feito nesta quinta-feira, 12, pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), candidato à reeleição, de apoio à pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, após encontro com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, deve provocar um racha na sigla nessas eleições.

Em entrevista concedida na manhã desta sexta-feira (13) à Rádio Eldorado, o deputado Julio Delgado, vice-líder do PSB na Câmara, lamentou que o partido esteja enfrentando essa divisão interna, pois dirigentes da legenda já haviam manifestado apoio ao pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.

Após a declaração pública de Câmara, Delgado acredita que será muito difícil o PSB seguir unido neste pleito e a tendência é que a sigla libere os Estados e cada um siga o caminho que lhe for mais conveniente, priorizando as alianças regionais. “Estamos como biruta de aeroporto rodando, isso é muito ruim. Com todo respeito a Paulo Câmara, sabemos que Lula está inelegível. Ficar nessa situação a menos de um mês para a definição das alianças é o pior dos cenários”, disse Delgado à Eldorado.

O vice-líder do PSB disse que é muito difícil, após a declaração de Paulo Câmara, que Estados do Nordeste e o Amapá marchem junto com Ciro Gomes. “Desde que perdemos Eduardo Campos (morto em um acidente aéreo na eleição presidencial de 2014) e que Joaquim Barbosa (ex-presidente do STF) desistiu de ser nosso candidato à Presidência da República, ficamos desorientados”, admitiu.

Na entrevista, ele insistiu que o caminho mais próximo do campo ideológico da sigla é apoiar Ciro, mas reconheceu que agora o clima é de instabilidade, sem definição sobre quem apoiar.

Delgado confirmou o adiamento das reuniões da executiva previstas para a semana que vem, onde, no seu entender, o partido deveria fechar apoio a Ciro Gomes nessa corrida ao Palácio do Planalto. E disse que é preocupante isso ocorrer às vésperas da convenção da legenda, marcada para o dia 5 de agosto. “Estamos numa sinuca de bico”, frisou.

O deputado lembrou que o partido, no Nordeste, sempre foi mais aliado à esquerda, diferente do que ocorre no Sul e Sudeste. Apesar de prever o racha na sigla, Delgado fez questão de se diferenciar do partido do presidente Michel Temer. “Não temos vocação para ser um MDB, mesmo que sejamos mais um partido nessa sopinha de letrinhas, onde é cada um por si e não se faz a diferença em prol do País”, finalizou.