Em meio ao processo de queda da Selic, a taxa média de juros no crédito livre mostrou nova redução em janeiro ante dezembro. O porcentual passou de 40,8% para 40,3% ao ano, informou nesta sexta-feira, 8, o Banco Central. No primeiro mês de 2023, a taxa estava em 43,3%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 54,2% para 52,4% ao ano de dezembro de 2023 para janeiro de 2024.

No segmento de pessoas jurídicas, a taxa passou de 20,9% para 22,2% entre os dois meses.

Cheque especial

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa recuou entre dezembro e janeiro, de 128,1% ao ano para 126,6% ao ano. No crédito pessoal, a taxa oscilou de 42,2% para 41,2% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Veículos

Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 25,5% ao ano em dezembro para 26,1% em janeiro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 28,3% ao ano em dezembro para 28,1% ao ano em janeiro. No primeiro mês de 2023, estava em 31,2%.

ICC

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,2 ponto porcentual de janeiro ante dezembro, para 21,8% ao ano.

O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

De acordo com o BC, o spread em operações de crédito apresentou nova redução em janeiro. Dados divulgados nesta sexta mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 30,2 pontos porcentuais em dezembro para 29,8 pontos porcentuais em janeiro.

No segmento pessoa física, o spread passou de 43,5 para 41,8 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio subiu de 10,5 para 11,9 pontos porcentuais na passagem de dezembro para janeiro.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado variou de 4,2 para 4,3 pontos porcentuais na passagem de dezembro para janeiro.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 19,6 para 19,4 pontos porcentuais entre os dois meses.

Endividamento

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de dezembro em 48,0%, ante 48,2% registrado em novembro. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%).

Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,0% no último mês de 2023, ante 30,2% em novembro.

Dezembro foi o sexto mês de operação do programa federal de renegociação de dívidas Desenrola. Na fase do programa iniciada no dia 17 de julho foi possível renegociar dívidas bancárias de consumidores que ganham até R$ 20 mil mensais, sem garantia do Tesouro Nacional.

Além disso, o nome de pessoas que tinham dívidas de até R$ 100 nos bancos foi “desnegativado” automaticamente, sem o perdão dos compromissos. A segunda fase, para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640,00), começou no fim de setembro e tem garantia do Tesouro.

Segundo os dados do BC para o mês de dezembro, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou em 26,1%. Em novembro, o porcentual era de 26,6%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda passou de 24,5% em novembro para 24,1% em dezembro.