A economia brasileira surpreendeu os analistas em 2023. Com uma previsão de crescimento de pouco mais de 1% do Fundo Monetário Internacional (FMI) no início do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve atingir um crescimento de 3% no ano. O desemprego também surpreendeu positivamente, fechando o ano com um índice de 7,7%, o menor desde 2015. 

O ano também foi de uma agenda espinhosa que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve que enfrentar no Congresso. No fim das contas, acabou aprovando a reforma tributária que estava há mais de 30 anos na gaveta do Senado e da Câmara e a nova regra fiscal para o governo. Mas o que esperar para 2024? A IstoÉ Dinheiro escutou especialistas para falar de PIB, juros, inflação, câmbio e emprego para o ano que vem. 

Câmbio

“Os fundamentos das contas externas do Brasil favorecem uma apreciação do real, em razão da forte balança comercial, que vem se traduzindo numa entrada líquida de divisas que não ocorria há muitos anos. Além disso, desde novembro o ambiente externo se mostrou mais favorável, com o mercado passando a precificar que o início do corte de juros nos EUA se dará em março de 2024, com o Fed reduzindo a taxa básica em cerca de 1,50 p.p no próximo ano. Porém, para que o real tenha uma trajetória sustentada de valorização, é fundamental que o governo aqui não abandone o compromisso de alguma disciplina fiscal”, disse o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein.

Inflação

“A expectativa dos especialistas é de que a inflação volte ao centro da meta, que é de 3,5%. Com a inflação desacelerando no segundo semestre de 2023, é provável que ela esteja abaixo da meta do Banco Central no início de 2024. É necessário, no entanto, entender que fatores externos que levam a um aumento nos preços das commodities, por exemplo, podem alterar essas expectativas”, afirmou Marcos Crivelaro, professor de finanças da Fundação Vanzolini. 

Juros

“Com o novo arcabouço fiscal e a manutenção da meta de inflação em 3%, houve uma reancoragem parcial das expectativas de inflação e uma apreciação do câmbio, o que abriu espaço para o BC iniciar em agosto o processo de queda dos juros, de forma técnica e não política. Porém, não há garantia de que os conflitos entre o governo e a autoridade monetária não voltem a acontecer em 2024, principalmente se a desaceleração da atividade e do mercado de trabalho for maior do que a esperada. Com a mudança de composição da Diretoria do BC, os analistas vão estar atentos se o Copom continuará a conduzir a política monetária de forma técnica ou se haverá uma maior leniência com a inflação”, ponderou Goldenstein. 

PIB

“Para 2024, a expectativa é de que o crescimento seja mais baixo, na faixa de 1,5% a 2%. No entanto, há alguns fatores que podem levar a surpresas no PIB brasileiro em 2024, como a recuperação da economia mundial, o aumento da renda dos brasileiros que gera mudanças na demanda doméstica e o aumento dos investimentos privados apoiados pela melhora do ambiente de negócios”, apontou Crivelaro. 

Emprego

“A expectativa é de que a taxa de desemprego continue a cair em 2024, mas em ritmo mais lento do que em 2023. A projeção é de que a taxa fique em torno de 7,0% no final do ano que vem. Para que a taxa de desemprego continue baixando, é importante que a economia brasileira continue a crescer de forma sustentável. Isso deve ser feito por meio de políticas públicas que incentivem a produtividade, a inovação e o empreendedorismo. Além disso, é importante que sejam criados mais empregos formais”, encerrou Crivelaro.  

Reforma tributária

Aprovada pelo Congresso Nacional, a reforma tributária saiu da gaveta depois de mais de 30 anos. Seu texto afirma que ela deverá começar a entrar em vigor em 2026 e só será totalmente implementada em 2032. Especialistas acreditam que a sua principal função será desburocratizar e simplificar o sistema tributário brasileiro, o que poderá beneficiar toda a sociedade.

“Para o cidadão comum, mudanças na esfera internacional parecem extremamente distantes, mas a Reforma Tributária deve alcançar todas as camadas da população, direta ou indiretamente. O aumento da competitividade no cenário nacional e internacional pode trazer melhoria de preços e maior qualidade de produtos e serviços oferecidos diretamente aos brasileiros!, explicou Marina Chaves, especialista em compliance fiscal e direito tributário do Briganti Advogados.