Os juros futuros fecharam perto da estabilidade, mas a desinclinação na curva continuou na terça-feira. O vértice mais curto reagiu à ata mais hawkish do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), enquanto o longo teve amparo da queda do dólar e também dos juros dos Treasuries. Já o Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro para 2025 não teve grandes mudanças em relação ao de 2024, com pouca ambição na emissão de títulos prefixados.

A taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu a 14,92%, de 14,90% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 avançou a 14,88%, de 14,87%, e o para 2029 caiu para 14,47%, de 14,527% no ajuste de ontem.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, considera que o DI curto voltou a ficar mais focado na ata do Copom e em expectativas sobre o IPCA, depois que o PAF do Tesouro não trouxe grandes mudanças em relação ao de 2024. “Mercado teve visão de que ata do Copom foi mais hawkish, então coloca mais prêmio na ponta curta. Pode ser que houve algum efeito de contaminação quando saíram notícias antes do PAF, mas é natural que depois o mercado volte a precificar o fundamento, que é o Copom”, afirma.

O Bank of America (BofA) avalia que a ata do Copom foi “levemente mais hawkish” do que o comunicado da semana passada, “pois incorporou fatores importantes a serem considerados na dinâmica inflacionária brasileira, como a adicional desancoragem das expectativas de inflação e o cenário fiscal”.

O PAF do Tesouro ficou mais realista, menos ambicioso em termos de prefixados, mas ainda assim “bem colocado, com gestão de risco bem executada”, resume o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Sanchez, da Ativa, contudo, pondera que o PAF não fez muito preço no mercado de DIs. “Para mim o grande efeito vem lá de fora. Internacional mais acomodado e com menos entendimento de uma guerra comercial efetiva no curto prazo ajuda os juros longos. Acho que métodos e diálogos bélicos vão continuar ocorrendo, mas acredita-se menos na efetivação da guerra comercial principalmente com os desdobramentos nas últimas 24 horas”, afirma. A análise faz referência a decisão do governo Donald Trump de pausar a cobrança de tarifas contra Canadá e México por um mês – a medida seria colocada em prática nesta terça-feira, mas acabou nem acontecendo.

Assim, a queda do dólar (-0,75%, a R$ 5,7724) contra o real, bem como o fechamento dos juros dos Treasuries de 2 anos, 10 anos e 30 anos, ajudou a aliviar o vértice mais longo dos juros.