Os juros futuros fecharam a sexta-feira, 21, em queda. Num dia de agenda esvaziada no Brasil e no exterior, a valorização do câmbio, o ajuste em baixa das commodities agrícolas e um certo alívio no ambiente internacional deram combustível para o recuo das taxas, que também caíram no balanço da semana. A força vendedora do mercado deu gás à precificação de queda da Selic na curva, colocando a aposta no corte de 50 pontos-base no Copom de agosto agora como majoritária.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,730%, de 12,755% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 205 caiu de 10,83% para 10,76%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,24%, de 10,33%. A taxa do DI para janeiro de 2029 ficou em 10,59% (de 10,69%).

Os prêmios de risco haviam crescido um pouco na curva nos últimos dias, atraindo investidores que encontraram na melhora do câmbio conforto para retomar posições aplicadas e os ativos brasileiros hoje como um todo tiveram desempenho acima dos pares. O real foi destaque entre moedas emergentes e os Contratos Default Swap (CDS), medida de risco país, do Brasil de cinco anos também cediam nesta tarde.

O economista da Guide Investimentos Victor Beyruti destaca que a moeda brasileira se manteve em alta mesmo com o ajuste em baixa dos preços de grãos, atribuído, por sua vez, a uma correção técnica após subirem de forma consistente nos últimos dias em função do fim do acordo do Mar Negro. Ou seja, a perspectiva para os preços internos recebe, assim, “inputs” de alívio em duas frentes.

Nesse contexto, cresce a percepção de que o Copom pode abrir o ciclo de distensão monetária no mês que vem com uma dose mais agressiva, de 50 pontos-base, na Selic, hoje em 13,75%. A curva a termo tinha no meio da tarde -41 pontos para o Copom de agosto, o que significa 60% de chance de queda de 50 pontos e 40% de chance de redução de 25 pontos.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, vê potencial para a expectativa de 50 pontos se consolidar, dada a desaceleração da atividade evidenciada pelo IBC-Br, a melhora do câmbio e da inflação tanto ao consumidor quanto a dos IGPs e o cenário fiscal, “onde as preocupações não foram dizimadas, mas ao menos amenizadas”.

O clima externo hoje foi mais morno, mas mesmo assim contribuiu para o desempenho da curva, considerando que as taxas dos Treasuries mais longos cederam. As atenções já estão voltadas à sequência de reuniões de política monetária na próxima semana, com Federal Reserve, Banco Central Europeu (BCE) e Banco do Japão na quarta, na quinta e na sexta.