A postura do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no comunicado divulgado ontem, enfatizando o nível elevado da inflação e se comprometendo a uma nova elevação da Selic, surpreendeu os investidores e provocou aumento das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), com efeito principalmente na ponta curta da curva.

O volume elevado de títulos ofertado pelo Tesouro em leilão também colaborou para o avanço, mas com influência mais evidente nos vértices médios e longos.

“O Copom manteve o ciclo em aberto. Citou a próxima reunião, com nova alta de magnitude menor, mas não trouxe indicação sobre o fim do ciclo”, disse Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos. “Isso provocou um movimento de correção no mercado, que estava imaginando que o BC pudesse encerrar o ciclo”, acrescentou.

Gean Lima, estrategista e trader da Connex Capital, disse que o comunicado do Copom trouxe elementos mais favoráveis à acomodação dos juros, como a menção a sinais incipientes de moderação na atividade econômica e aos efeitos defasados da política monetária. No entanto, além de sinalizar a nova alta da Selic, o colegiado manteve a menção à assimetria no balanço de riscos para a inflação – com maior chance de a taxa ficar acima do esperado.

Huang Seen, head de renda fixa da Schroders, disse que o Copom seguiu o caminho mais recomendável ao sinalizar mais uma alta da Selic e ressalta que agora o colegiado está na fase da “sintonia fina”. “O maior fator de debate e de incerteza é realmente o grau de desaceleração econômica que pode ocorrer daqui em diante”, acrescentou.

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 subiu a 14,865%, de 14,717% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 aumentou a 14,695%, de 14,401%, e a taxa para janeiro de 2029 avançou a 14,440%, de 14,125%.