A Justiça de Minas Gerais acatou pedido do Ministério Público  Estadual feito nesta terça-feira, 10, e mandou a mineradora Samarco  arcar com os custos de abastecimento de água à população de Governador  Valadares, na região leste de Minas. A cidade é cortada pelo Rio Doce,  destino dos rejeitos das barragens da empresa que ruíram na  quinta-feira, 5, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana.

A  lama chegou a Valadares na tarde de segunda-feira, 9. A decisão é do  juiz Lupércio Paulo Fernandes de Oliveira, da 7ª Vara Cível de  Governador Valadares, que deu 72 horas para que a determinação seja  cumprida. A cidade tem cerca de 280 mil habitantes.

Com a  decisão, a Samarco terá de fornecer 800 mil litros de água por dia para  estabelecimentos de saúde, escolas, abrigos, Corpo de Bombeiros e  reserva estratégica do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).

A  empresa também deverá providenciar 80 carregamentos de caminhões-pipa;  80 mil litros de diesel – para busca da água da Copasa na cidades de  Marilac, Frei Inocêncio e Ipatinga, vizinhas a Valadares – R$ 70 mil por  dia para comunicação; contratação de 100 agentes de endemias; 50  reservatórios de 30 mil litros e bombas; veículo de tração 4×4, barco  com motor de popa e 6 coletes salva-vidas para a Defesa Civil; e 130 mil  bombonas (barris de plástico para armazenamento de água) de 50 litros  para as residências, conforme apontava pedido do Ministério Público.

Também  seguindo o pedido dos promotores, a empresa terá que pagar R$ 1 milhão  por dia caso não cumpra as determinações. Na justificativa da decisão, o  juiz argumenta que “em diversas matérias veiculadas pela mídia é  possível averiguar o enorme rastro de destruição deixado pelo evento  danoso, provocado pelo deslocamento de rejeitos oriundos das barragens  rompidas, ao longo do leito do curso d’água por onde tem passado,  causando a mortandade da flora e da fauna e a impossibilidade momentânea  de tratamento para potabilidade das águas atingidas, em face da  presença excessiva de lama, metais e resíduos químicos, sem previsão de  retorno ao estado anterior”.