14/09/2025 - 13:00
Roberto Justus, conhecido por sua atuação no universo da comunicação, celebrou nessa semana um novo marco em sua carreira de empresário. Uma megafábrica de 16.000 m² de sua construtech, a SteelCorp, que produz estruturas industrializadas para construção de casas, prédios ou galpões, feitas de aço galvanizado, chamado Light Steel Frame (LSF).
Mas teve um participante que acabou sendo “desconvidado” pouco antes da festa de inauguração. A empresa de Justus tinha como um dos sócios a Reag, gestora envolvida na Operação Carbono Oculto, uma das maiores operações realizadas no Brasil contra o crime organizado e um esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, que agrupava empresas do mercado financeiro e membros da organização criminosa PCC.
Após a operação, a gestora passou a se desfazer de alguns negócios. Um deles foi a parceria com a SteelCorp, em que detinha 30%. Procuradas, as empresas não detalharam os termos e circunstâncias da separação. A SteelCorp confirmou, que devido aos fatos, renegociou a participação da gestora. “Somos gratos por terem se tornado sócio no momento inicial, mas hoje não temos mais sociedade depois de tudo o que aconteceu”, diz em posicionamento oficial.
A Reag, por sua vez, também manteve o tom cordial e amigável com a ex-sócia ao comentar o assunto. “A Reag informa que foi realizado o distrato da operação, na qual atuava na gestão e administração do fundo, anteriormente firmada com a SteelCorp. Agradecemos imensamente à SteelCorp pela confiança depositada e pela parceria estabelecida ao longo do período.”

Mercado de R$ 2,3 tri
Até o distrato com a Reag, Justus, que tem cargo de CEO na SteelCorp, detinha 52% da companhia. Ele tem como sócio Daniel Gispert, com 15% da empresa e com experiência de 24 anos no setor da construção civil, e que ocupa o cargo presidente. Outros 3% da companhia são do presidente do braço financeiro da SteelCorp, Marcelo Pieruzzi. Sem o detalhamento sobre a compra da parte da Reag, não fica claro como ficou a participação societária.
Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, Gispert relata que aposta no potencial do mercado de LSF e construção modular dentro do setor da construção civil.
“A construção civil tem 23% de participação no PIB do país. Com a forma como a construção convencional se comparta, entendemos ser uma grande oportunidade para investir. Menos de 1% das obras do país são em light steel frame. Se o setor movimenta R$ 2,3 tri, a cada 1% que crescer a participação do nosso material, estamos falando em um crescimento de bilhões”, diz.
Entre as vantagens, destaca ele, é que o material industrializado é mais leve, gera 90% menos resíduos no site de construção – já que as estruturas chegam prontas de fábrica e são apenas montadas no local, tem tempo de obra reduzido pela metade e consome 1% de água de uma obra convencional. E ainda, diz, resulta em custo total menor do que o de uma construção convencional, tijolo a tijolo.
As estruturas permitem construções de variados portes, seja casas, prédios ou galpões. Uma das principais vitrines da SteelCorp é o estádio do RedBull Bragantino, o Nabi Abi Chedid, que foi demolido para dar lugar a uma nova estrutura feita 100% com LSF. Será o primeiro estádio no país com esse pefil. A SteelCorp já tem outro estádio no portfólio, a Arena MRV, em Belo Horizonte, mas por lá, a estrutura foi utilizada em algumas partes, como camarotes e fachada.
Apesar da onda de arranha-céus no Brasil, e da possibilidade do uso do material para construção de dezenas de pavimentos, o foco da SteelCorp no médio prazo são as casas populares, o que significa entrar também no programa habitacional do Minha Casa, Minha Vida. Isso porque, explica Daniel, operacionalmente é mais vantajoso para a fábrica uma produção em larga escala. O orçamento do governo para o programa em 2025 está em R$ 151,8 bilhões.

“Projetos customizados impactam a linha. Então o foco será na produção sequenciada de casas. Quanto mais produção, otimiza custos e profissionais, que são especializados. Nossa maior vocação estará em residência populares”, afirma.
A empresa foi criada em meados de 2023. Ano passado, a meta da empresa era alcançar R$ 1,5 bilhão de receita em 2025, mas deve fechar este ano com metade disso. A marca do bilhão agora é projetada para 2026, com a ajuda da nova planta instalada em Cajamar, na grande São Paulo, com total de 16.000 m², 10 mil a mais que a anterior, localizada em Cotia, também na região metropolitana paulista.
A nova fábrica vai elevar a produção de 900 para 10 mil a 12 mil casas por ano. O investimento foi de R$ 45 milhões para a construção da fábrica classificada como 4.0, que é automatizada, mas não robotizada, esclarece.
A SteelCorp tem operação na Flórida, nos Estados Unidos. Como as operações consomem matéria-prima local, Gispert diz que as tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros não impactam seus negócios. “Pelo contrário, com as tarifas, o custo da matéria-prima até reduziu no Brasil”.