A marca de material esportivo Kappa, italiana, está no Brasil há dez anos. Nos últimos dois, seu faturamento saltou de R$ 28 milhões para R$ 40 milhões. E seus produtos podem ser comprados em 3,5 mil pontos de venda. Mesmo assim, não é difícil encontrar quem, ao ser questionado se a conhece, responda um envergonhado ?nunca ouvi falar?. Isso, porém, está mudando ? e rápido. A empresa começou a implantar no País a tática que catapultou suas vendas na Europa e que já deu certo com as rivais Puma e Adidas: a de, sem abrir mão do esporte e das competições, passear cada vez mais pelos lados da moda. Nesse processo, o que pode parecer desvantagem está sendo encarado como trunfo. ?Se não somos tão conhecidos, por outro lado não somos rejeitados, ao contrário de algumas grandes marcas. Se fomos os últimos a promover essa guinada, por outro lado ainda mantemos um ar de exclusividade, que as outras já perderam?, enumera Marília Ramos, gerente de marketing da grife no Brasil. O próximo passo, diz ela, é reforçar o lado fashion da marca patrocinando DJs e músicos moderninhos, fazendo publicidade em videogames, trazendo a linha Robe di Kappa (roupas casuais para o dia-a-dia) e abrindo lojas exclusivas, as chamadas Kappa Concept Stores. ?Mais de cem delas foram inauguradas este ano ao redor do mundo. O Brasil está na fila?, afirma Marília, sem revelar datas, locais ou investimento.

Na Europa, essa reviravolta está em curso desde 2003. Ela só chegou agora ao Brasil porque a catarinense Clássico, licenciada local da Kappa, renovou o contrato com a matriz por mais quatro anos. Antes, os acordos eram assinados por 24 meses. A outra marca do portfólio da Clássico, a inglesa Umbro, sempre teve acordos de longo prazo e, por isso, ganhava primazia na hora dos investimentos. Agora, porém, a Kappa Brasil está com a bola cheia junto à matriz, em Turim. Tudo porque a coleção de 191 produtos (de chuteiras a sungas) desenvolvida pela filial agradou os chefes italianos, exigentes por natureza no quesito design de roupa. Como recompensa, além do contrato maior, a Kappa brasileira ganhou espaço no sistema de vendas internacionais da marca. Até o final do ano, toda a linha criada e fabricada no Brasil poderá ser comprada por qualquer uma das 120 licenciadas Kappa ao redor do mundo e também pela matriz. Além do Brasil, só Taiwan tem esse privilégio. ?Nossas vendas devem atingir R$ 50 milhões em 2006?, calcula Marília