02/04/2003 - 7:00
O empresário carioca Achilles Prado foi uma daquelas crianças que desmontavam todos os brinquedos para depois montar de novo. A diferença é que ele não perdeu essa mania na adolescência. No primeiro dia de aula na faculdade de administração de empresas, ele resolveu reconstruir a própria mochila. Só que ele não acertou. A solução então foi montar uma nova, acrescentando novos bolsos e compartimentos. Resultado: demorou 10 anos para se formar. Isso porque nascia ali a Karga, maior empresa nacional de mochilas. Para começar a vida de empresário, aos 18 anos, Prado pediu um empréstimo bancário que deveria ser pago em 60 dias. O sucesso foi tanto que quitou a dívida em um mês. Hoje, aos 36 anos, produz cerca de 400 mil peças por ano, entre bolsas e acessórios. Todas elas são feitas na China, na mesma fábrica de onde saem as malas e mochilas da Nike e da Reebok. Até as etiquetas são importadas: dividem a linha de produção com a logomarca da grife americana Ralph Lauren.
Cerca de 10% das mochilas Karga nem chegam ao Brasil: vão direto para Portugal, Espanha, Japão e Havaí. Elas podem aportar em breve em outros países da Europa e também nos Estados Unidos. Por aqui, ela é presença forte em todo o Sul e Sudeste, especialmente no Rio de Janeiro. Mas não deve parar por aí. ?Apesar de a empresa existir há 18 anos, estamos em começo de carreira: trabalhamos exclusivamente com nossa marca há apenas três anos?, afirma Prado. ?Antes disso, produzíamos também para as grifes Alternativa, Pé de Atleta, entre outras.? Naquela época, a Karga fabricava até sacos para usinas de açúcar. Prado chegou a ter 200 funcionários em sua indústria em São Cristóvão, no Rio. Há cinco anos, se desfez das máquinas, levou toda a produção para a China e passou a apostar apenas em sua grife. A estratégia parece ter dado certo. Sua próxima coleção deve ser lançada na badalada boutique Daslu. ?Estamos negociando uma linha exclusiva de acessórios para a loja?, afirma Prado. Há ainda conversas sobre uma linha de produtos em parceria com a Caloi e outra com a holandesa C&A. Quando o assunto é faturamento, o empresário despista, mas a estimativa é que fique em torno de R$ 10 milhões. Moral da história: desmontar carrinhos, mochilas e bonecas não é tão mau assim.