22/05/2011 - 22:44
Quando assumiu a presidência da montadora de motocicletas Kasinski, em 2009, logo após a aquisição da empresa pelo conglomerado chinês CR Zongshen, Claudio Rosa sabia que teria uma dura missão à sua frente: ganhar participação em um mercado no qual as japonesas Honda e Yamaha detém, juntas, quase 90% das vendas.
Para dificultar ainda mais essa missão, Rosa soube também que negociar com fornecedores locais seria mais duro do que pensava. “Os fornecedores queriam me vender por 10 o que vendiam por 4 para a Honda”, disse Rosa à DINHEIRO. “Se eu topasse isso inviabilizaria o negócio”, afirmou.
Em uma época na qual muito se fala da entrada dos chineses no mercado brasileiro, tudo o que a Kasinski quer agora é se abrasileirar cada vez mais, pelo menos na linha de produção. “A nossa estratégia é comprar componentes nacionais, e, quando não der, vamos convidar empresas para montar operações aqui”, destacou.
Após três viagens para a China apenas neste ano, o executivo fechou a vinda ao Brasil da CRZ Components, que é subsidiária da Zongshen, mas será controlada pela Kasinski. Já no fim de maio, com investimentos de cerca de US$ 12,5 milhões, a CRZ começará a fabricar o chassi de motocicletas até 150 cilindradas na novíssima unidade industrial de 130 mil metros quadrados da Kasinski em Manaus, que ainda não está totalmente finalizada. Após esta etapa, devem ser implementadas outras linhas de componentes, como assentos e tanques de gasolina.
Mais componentes brasileiros
A ideia é que, nos próximos anos, o índice de componentes brasileiros das motos seja de 50% ante os 20% atuais, um aumento significativo, embora ainda distante dos mais de 90% de nacionalização das motos Honda.
De acordo com Rosa, o fato de a primeira fornecedora ser do mesmo grupo não impede a entrada de vendedores externos, aos moldes do que a Ford fez em Camaçari, porém em menor escala. “Usaremos nossas instalações como processo facilitador da chegada dessas empresas”, explicou. “Além disso, não exigiremos que produzam apenas para nós”.
Tudo para ser mais competitivo em um mercado em que o primeiro lugar não está sob ameaça. Atualmente a Honda detém nada menos do que 80% das vendas para o atacado no primeiro quadrimestre de 2011, enquanto o segundo lugar, a Yamaha, fica com 11% do bolo.
Crescimento
Embora a estratégia nova de atrair fornecedores ainda nem tenha sido iniciada plenamente, a Kasinski já pode se sentir mais otimista. Após um fraco ano em 2010, no qual a montadora vendeu apenas 4 mil motos no atacado de janeiro a abril, as coisas começaram a melhorar este ano: só nos primeiros quatro meses, a companhia já vendeu 16,5 mil unidades, quatro vezes mais. Fruto, segundo Rosa, do aumento da escala que os chineses trouxeram para a empresa. Com essa vendas a Kasinski saiu de uma participação de mercado de 0,5% para 2,4%, de acordo com dados coletados pela Abraciclo.