15/06/2005 - 7:00
O empresário Marcos Di Lascio sempre foi fascinado pelo mundo da computação. Formado em administração, ele trabalhou nas principais companhias do setor até que montou seu próprio negócio: a Lince Informática, vendida para a rival Semp Toshiba em 1996, da qual se tornou sócio-diretor detendo uma fatia de 10%. Deixou a empresa há cinco anos para criar a Kelow Computadores, especializada no mercado corporativo. Pois agora, a novata do setor se lança no varejo com novo desafio: vender PCs populares em parceria com o Ponto Frio. Os equipamentos vão custar R$ 999 e o valor não inclui o monitor. Um similar de ?grife? não sai por menos de R$ 1,2 mil. Por conta disto, cabe uma pergunta: Será que a Kelow terá sucesso? Isso porque, existe uma espécie de ?maldição? que atinge as brasileiras do setor que quiseram subir ao Olimpo com o computador barato. Exemplos não faltam: a Metron e da Microtec, por exemplo, chegaram até a assumir a ponta do segmento mas acabaram no inferno da concordata. Lascio garante que não repetirá os erros de outros competidores. ?Não vamos comprar mercado?, avisa. Segundo ele, a Kelow não abriu mão da lucratividade, a principal falha das rivais, que privilegiaram apenas o volume. ?O lucro será de até 10% por unidade?, destaca.
O executivo também ressalta seus diferenciais. Tem 30 anos de experiência e além do mais não está oferecendo aos consumidores um pé-de-boi. A versão básica possui processador Intel Celeron 1.8, 128 MB de memória, HD de 40 GB, teclado e caixas de som. ?A máquina está pronta para ser conectada à internet?, explica. Produzidos na fábrica da Kelow em Ilhéus (BA), que consumiu investimento de US$ 1 milhão, os aparelhos são fruto de uma complexa engenharia de custos, envolvendo fabricantes de processadores (Intel), gabinetes (Nilko) e utilização de softwares abertos (Linux), além de o Ponto Frio ter feito uma super-encomenda, cujo montante os parceiros não revelam.
A tentativa de popularizar o computador não é nova. Em 2001, Silvio Santos se uniu a um pool de fabricantes para criar o Computador do Milhão. A iniciativa esbarrou na baixa renda da população e na elevada taxa de juros do financiamento. O analista Denis Gaia, da IDC Brasil, diz que os problemas do setor estão relacionados à elevada carga tributária e à pirataria. ?O chamado mercado cinza responde por 70% dos US$ 2,9 bilhões em equipamentos vendidos em 2004?, avalia. Gaia acredita que o Programa PC Conectado ? que está prestes a ser lançado pelo governo federal com benefícios fiscais para os fabricantes ? pode até ser uma solução. É nisso que Lascio aposta.
US$ 1 milhão foi o valor investido na fábrica da Kelow em Ilhéus (BA)
US$ 1,9 bilhões é o que movimenta o setor de informática no País