Depois de anos investindo mais no exterior, a Kinea ampliou a exposição dos seus fundos multimercado a ativos brasileiros. Foi o aumento mais relevante desde 2019, e os níveis de alocação no País são os mais altos dos últimos cinco anos. Numa carta que será divulgada ao mercado nesta quarta-feira, a gestora informa que seus fundos multimercado estão comprados na Bolsa, comprados em real e aplicados em juros locais, em razão da expectativa de corte da Selic.

Com isso, cerca de metade do risco desses fundos – que têm um patrimônio aproximado de R$ 25 bilhões, incluindo os de previdência – está concentrada em investimentos no Brasil. A Kinea vê o mercado local se beneficiando de uma combinação de três fatores: valuations atrativos, “algum crescimento econômico” e um ambiente mais favorável de liquidez, com a queda dos juros.

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Previsões da Kinea para 2026

Para a gestora, o PIB – que deve ficar no zero a zero no segundo semestre – tende a crescer em 2026 com a redução dos juros e uma “provável reaceleração fiscal, típica de anos eleitorais”. Em relação à Bolsa, a gestora lembra que a relação Preço-Lucro está abaixo da média histórica ao mesmo tempo em que os lucros das empresas abertas vêm aumentando, na média, desde 2024. Já o real, diz a casa, tem um diferencial de juros superior a 10% em relação ao dólar. “Com juros de 15% ao ano, o dólar precisaria estar acima de R$ 5,8 em 12 meses para um investidor perder dinheiro comprado em moeda local.”

O risco é a eleição de 2026. Na carta, a gestora compara a jornada para voltar a investir no Brasil à Odisseia, de Homero, mas diz acreditar que os fatores positivos do mercado local não são o canto da sereia que quase enganou Ulisses. Segundo a Kinea, a análise das eleições presidenciais dos últimos 30 anos sugere que, para ter 50% de chance de ser reeleito, um presidente no cargo deve ter uma avaliação positiva líquida superior a cinco pontos percentuais, o que não é o caso hoje. Mesmo considerando que o governo vá usar a máquina para tentar aumentar sua popularidade no ano que vem, “o ponto de partida parece desafiador”. A possibilidade de um aumento de gastos que rompa de vez com o arcabouço fiscal é o principal risco ao cenário-base da Kinea. Mas, na visão da gestora, o medo de que o dólar possa passar dos R$ 6 deve conter um descontrole maior das despesas.

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