Aos 86 anos, Klaus Schwab, presidente executivo do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), vai deixar a liderança do encontro que ajudou a fundar, em 1971. De lá para cá, a conferência se transformou no principal palco da elite empresarial e financeira do mundo, e que reuniu mais de 2.800 lideranças entre banqueiros, CEOs, presidentes de bancos centrais e políticos, em janeiro deste ano.

Schwab deve passar o bastão até janeiro de 2025, antes do próximo WEF, e assumir a presidência do Conselho de Administração do Fórum. Comunicada por meio de um e-mail aos funcionários da organização, sua saída foi antecipada pelo Semafor e confirmada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Em seu lugar, deve assumir o presidente do conselho executivo do WEF e ex-ministro da Noruega, Borge Brende, conforme a imprensa internacional. O WEF não confirmou o nome do substituto de Schwab, que deve ser aprovado pelo governo suíço e anunciado antes do próximo Fórum em Davos.

O Fórum Econômico Mundial diz, em nota, que desde 2015 tem se transformado em uma instituição de cooperação público-privada. “Como parte dessa transformação, a organização também tem evoluído em governança, passando de uma organização gerida pelo fundador para uma organização onde um Presidente e um Conselho de Administração assumem total responsabilidade executiva”, afirma.

Em viagem ao Brasil, no ano passado, Schwab ressaltou, em entrevista ao Broadcast, as vantagens do Brasil para se tornar uma “ecopower” potência ecológica. Alertou, contudo, para os tradicionais problemas da economia doméstica como juros e inflação elevados, fiscal frágil, fora a necessidade de alavancar o baixo nível de investimento no País, sobretudo, com a participação do setor privado.

“O Brasil tem seus próprios problemas na economia, como inflação relativamente alta, juros altos e um baixo nível de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), abaixo de 20%. Isso quer dizer que o Brasil precisa investir mais. Outro ponto é que o Brasil tem uma dívida de 75% do PIB, um nível alto, mas há muitos países com nível ainda mais elevado”, disse Schwab, ao Broadcast, na ocasião.

Desde que foi fundado, o WEF se transformou em um negócio rentável, com receitas anuais de 500 milhões de euros, de acordo com o Financial Times. Sob o comando de Schwab, o Fórum Econômico Mundial passou de uma conferência para empresários europeus para o mais importante encontro da nata empresarial e financeira do planeta e todo mês de janeiro concentra as atenções na pequena e gelada cidade de Davos.

Na edição deste ano, o Fórum marcou a estreia do presidente da Argentina, Javier Milei. Do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e também o ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2019, participaram do encontro nos Alpes Suíços. Banqueiros centrais também são presenças frequentes, como a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Wall Street e a Faria Lima comparecem em peso a Davos. Neste ano, o presidente do JPMorgan, Jamie Damon, chamou a atenção ao se sentar em uma cadeira no corredor principal do lounge do Fórum. Mesmo de tênis e calça jeans, foi reconhecido e interrompido todo o tempo pelos passantes. Banqueiros brasileiros como Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Milton Maluhy (Itaú Unibanco), André Esteves e Roberto Sallouti (BTG Pactual) também são figuras frequentes nos Alpes Suíços.

O WEF anunciou ainda que o seu Conselho de Administração será organizado em torno de quatro comitês estratégicos para reforçar o trabalho da organização. “Estas mudanças sublinham a nossa continuidade institucional no fornecimento de uma plataforma independente e imparcial para enfrentar os desafios complexos de um mundo interligado”, conclui, em nota.