Dona de um passado sendo praticamente monopolista no seu ramo e 133 anos de história, a Kodak alertou investidores nessa segunda-feira, 11, de que há um risco de encerramento das operações.

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Conforme detalhado pela Kodak em comunicado, as dívidas somam US$ 500 milhões e a empresa não possui financiamento garantido ou liquidez suficiente para honrar os pagamentos.

“Essas condições levantam dúvidas substanciais sobre a capacidade da empresa de continuar operando”, disse a companhia no documento.

Nesse cenário, a empresa pretende levantar recursos interrompendo os pagamentos de seu plano de aposentadoria e afirmou também que não espera que tarifas alfandegárias tenham ‘impactos significativos’ nos negócios, já que fabrica muitos de seus produtos em solo americano.

“No segundo trimestre, a Kodak continuou avançando em nosso plano de longo prazo, apesar dos desafios de um ambiente de negócios incerto”, declarou o CEO Jim Continenza no comunicado de resultados.

Em uma declaração à CNN na terça-feira, uma fonte da companhia declarou que a companhia segue confiante no plano, citando que devem ‘conseguir pagar uma parte significativa de seu empréstimo a prazo bem antes do vencimento e alterar, estender ou refinanciar nossas obrigações de dívida e ações preferenciais restantes’.

Apesar do otimismo do executivo e do porta-voz, as ações da Kodak derretem cerca de 20% nos últimos cinco pregões.

Do monopólio à queda da Kodak

No passado, na década de 1970, a companhia chegou a dominar cerca de 90% do mercado de filmes fotográficos nos EUA e 85% das vendas de câmeras, segundo a The Economist.

Todavia, com a digitalização do mercado, a companhia ficou para trás e enfrentou graves dificuldades financeiras.

Apesar de a primeira câmera digital ter sido inventada pela própria empresa em meados de 1975, a Kodak não conseguiu se adaptar às mudanças tecnológicas.

Em 2012, entrou com pedido de recuperação judicial – Chapter 11 nos EUA -, com 100 mil credores e dívidas que somavam US$ 6,75 bilhões.

A empresa saiu do processo 19 meses depois, voltando seus negócios para para impressão comercial, embalagens, filmes cinematográficos e imagens corporativas, abandonando praticamente o negócio de câmeras digitais de consumo que a havia projetado ao sucesso.

Em 2020, a empresa teve um breve alívio quando o governo dos EUA a selecionou para se transformar em produtora de insumos farmacêuticos – o que provou um pico nas ações para o maior nível em mais de 5 anos, acionando 20 vezes os mecanismos automáticos de suspensão de negociações ao longo do pregão.

Apesar das perdas recentes, a Kodak declarou que pretende expandir essa área de atuação. A companhia continua fabricando filmes e produtos químicos para empresas, incluindo a indústria cinematográfica, e licencia sua marca para diversos produtos de consumo.

Nos seus resultados mais recentes a companhia mostrou um prejuízo líquido de US$ 7 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo lucro de US$ 32 milhões ante igual etapa do ano anterior.

A receita da Kodak se manteve estável, fechando o trimestre em US$ 249 milhões.