A Cacau Show anunciou novas embalagens para sua linha de chocolates “Miau” e confirmou à IstoÉ Dinheiro que as embalagens passam a apresentar o texto “chocolates em formato de língua de gato”. A mudança ocorre pouco mais de um mês depois do Tribunal Regional Federal da 2ª região (TRF-2) determinar que a Kopenhagen não detém a exclusividade do termo “língua de gato”.

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As duas chocolaterias iniciaram uma disputa após a Kopenhagen enviar uma notificação extrajudicial por conta do uso da expressão “língua de gato” no produto da Cacau Show. A Kopenhagen afirma deter registro da marca deferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no final da década de 1970.

A decisão de Justiça no entanto tornou inválidos os registros de marca obtidos pela Kopenhagen. A 2ª turma especializada do TRF-2 acompanhou decisão de uma instância anterior e determinou o fim da exclusividade do termo.

A Kopenhagen não retornou o pedido de comentário sobre as novas embalagens da linha “Miau” da Cacau Show. O texto será atualizado caso haja manifestação.

Veja a nova embalagem de um dos sabores da linha Miau:

Embalagem do chocolate da linha "Miau", da Cacau Show, que tem formato de lingua de gato
Embalagem do chocolate da linha “Miau”, da Cacau Show, que tem formato de lingua de gato (Crédito:Divulgação)

Para além da nova identidade visual, a Cacau Show anunciou também que terá uma nova língua de gato com recheio de Maracujá, que se junta aos outros sabores da linha: ao leite, mezzo (chocolate branco com ao leite), ao leite recheado e zero lactose.

Relembre a disputa entre Cacau Show e Kopenhagen

O caso tem início após o recebimento pela Cacau Show de uma notificação extrajudicial por um produto cuja apresentação continha a expressão “em formato de língua de gato”. A empresa foi então à Justiça para eliminar a exclusividade do seu uso pela Kopenhagen.

No processo, a Cacau Show resgatou a origem do termo para identificar chocolates compridos e achatados. O primeiro teria ocorrido com o alemão “katzenzugen”, criado no ano de 1892, em Viena, pela chocolateria “Küfferle”, hoje pertencente à Lindt & Sprüngli.

A empresa destacou ainda que a própria Lindt utiliza hoje o termo “cat tongues” em vários países, e que outras marcas utilizam a expressão no Brasil.

A Kopenhagen respondeu nos autos que os argumentos da Cacau Show ignoram “a própria notoriedade alcançada pelo sinal ‘língua de gato’ no Brasil”. Afirmou ainda que, no país, a expressão nunca foi de uso comum. Também disse que o uso do termo demonstra “a intenção parasitária de seus concorrentes em tentar associar seus produtos aos produtos da Kopenhagen”.

Em sua deliberação, a juíza de primeira instância Laura Bastos Carvalho justificou sua decisão favorável à Cacau Show com uma recordação de que, segundo as leis brasileiras, não é permitido registrar como marca “termo genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo”.