15/02/2018 - 16:07
O Kosovo celebra os 10 anos de sua proclamação de independência, uma soberania ainda em construção e rejeitada obstinadamente por sua minoria sérvia e por Belgrado.
Pristina, capital deste Estado de 1,8 milhão de habitantes, não perde a oportunidade de reafirmar sua soberania. O Kosovo não é uma grande potência em esportes de inverno, mas elogiou, por exemplo, seu esquiador Albin Tahiri, único atleta da delegação que desfilou em Pyeongchang em 9 de fevereiro e primeiro esportista do país a participar destes Jogos Olímpicos.
Cerca de 115 países reconhecem a independência de Kosovo, entre eles 23 dos 28 membros da União Europeia, assim como Estados Unidos, firme defensor de Pristina, cujas ruas estão adornadas com as cores amarela e azul de sua bandeira.
Mas onde vive a minoria sérvia não há nada para ser celebrado, já que eles mantêm a lealdade a Belgrado, embora agora contem com deputados no Parlamento e ministros no governo kosovar.
Com o apoio da Rússia na ONU, o governo de Belgrado trava uma guerra diplomática, para a qual as Nações Unidas e várias instituições internacionais, como a Unesco ou a Interpol, fecham as portas a sua antiga província albanesa.
– Não à autonomia sérvia –
Este rechaço categórico limita o exercício da soberania de Kosovo na totalidade de algumas áreas do país.
É o caso no norte de Kosovo, particularmente em Mitrovica, cidade que continua dividida quase duas décadas depois da guerra entre as forças sérvias e os rebeldes independentistas albano-kosovares do Exército de Libertação de Kosovo (ELK). O conflito entre 1998 e 1999 deixou mais de 13 mil mortos, incluindo uma grande maioria de albaneses de Kosovo.
Um acordo para normalizar as relações contempla um estatuto para os municípios onde a minoria sérvia vive. Mas não foi traçado nenhum plano nesse sentido, pois Pristina rejeita firmemente qualquer projeto de autonomia.
Cerca de 120 mil sérvios fazem parte da população de 1,8 milhão de habitantes de Kosovo, uma cifra estimada, já que esta comunidade se negou a participar do último censo de 2011.
“A integridade territorial de Kosovo é intangível, indivisível e internacionalmente reconhecida”, advertiu o presidente Hashim Thaçi esta semana.
Em uma recente entrevista à AFP, o homem forte do país, ex-líder político da guerrilha separatista, no entanto, desejou que em 2018 fosse concluído um “acordo histórico”, que é “o único caminho possível para que Kosovo e Sérvia sigam em frente”, disse.
Se for alcançado, “a comunidade internacional terá que aceitar”, acrescentou.
As relações entre Pristina e os países ocidentais ficaram tensas há um ano. Sua vontade de dotar de maneira unilateral Kosovo de um exército foi recebida com distância na Europa.
As forças da Otan ainda estão encarregadas da segurança em Kosovo.
– Fracasso econômico –
Os aliados ocidentais de Kosovo insistem que é necessário avançar em alguns pontos. Segundo um relatório de 2016 da União Europeia sobre Kosovo, a corrupção “prevalece em vários setores e continua sendo um problema grave”.
Com a resolução de uma disputa fronteiriça com Montenegro, a União Europeia exorta que se estabeleça um estado de direito que cumpra com seus critérios para liberar os vistos.
Para os kosovares isso é uma prioridade, pois cerca de um terço da população (700 mil, segundo estimativas) vive no exterior e colaboram com remessas cruciais para este país que é um dos mais pobres da Europa.