Os fenômenos climáticos La Niña e El Niño são caracterizados pela interação entre o oceano e a atmosfera. Eles costumam alterar o regime de chuvas e o padrão de temperaturas em várias regiões do mundo. De acordo com a previsão, há chance de ocorrer a passagem de uma La Niña fraca e de curta duração, com efeitos que podem surgir entre o fim da primavera e o verão, explica Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo. A estação das flores tem início em 22 de setembro no Brasil, mesmo dia em que termina o inverno.

“Enquanto no El Niño, as águas do Pacífico Equatorial se aquecem, na La Niña, elas se resfriam e as mudanças não param por aí. Em épocas de El Niño, os ventos alísios enfraquecem. Já em épocas de La Niña, esses ventos se fortalecem. Com isso, há mudança do padrão global atmosférico”, afirma Nadja Marinho, meteorologista da Tempo OK.

Durante a formação do El Niño, por exemplo, o comportamento dos ventos alísios tem papel fundamental. “Os alísios são ventos constantes vindos dos Hemisférios Sul e Norte, que se encontram na região da Linha do Equador e seguem do leste para o oeste do planeta Terra”, acrescenta o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O El Niño normalmente começa a se formar no segundo semestre do ano. Nessa época, as águas ficam ao menos 0,5°C acima da média por um período de tempo de, no mínimo, seis meses. “Vale lembrar que ele não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais”, reforça o instituto.

Quais os possíveis efeitos no Brasil?

Em épocas de La Niña, o Sul do País sofre com uma redução das precipitações, enquanto nas regiões Norte e Nordeste há o aumento da precipitação. Já durante o El Niño, esse fenômeno acaba produzindo mais chuva no Sul e precipitação mais reduzida no Norte e no Nordeste. Em geral, o El Niño tende a provocar temperaturas mais altas nas regiões tropicais, incluindo o Brasil.

O que é preciso para a confirmação oficial da La Niña nos próximos meses?

Atualmente, ainda não há confirmação oficial, mas as previsões indicam uma possível consolidação da tendência nos próximos meses. Segundo Borges, para que o fenômeno seja oficialmente reconhecido, a NOAA utiliza o Índice Oceânico Niño (ONI), focando na região do Niño 3.4. “Para a classificação oficial, é necessário que a anomalia da temperatura da superfície do mar fique abaixo de -0,5 °C por três trimestres móveis consecutivos”, esclarece Borges.