29/04/2021 - 8:36
O laboratório Moderna, pioneiro nas vacinas contra a covid-19, está acelerando o ritmo de produção para manter o seu espaço na luta contra a pandemia, mas permanece à sombra das concorrentes Pfizer e BioNTech.
A Moderna, cuja vacina foi uma das primeiras aprovadas no mundo ocidental há alguns meses, anunciou nesta quinta-feira (29) que planeja aumentar sua capacidade de produção mundial a três bilhões de doses em 2022.
A quantidade é aproximadamente o dobro do que havia planejado e a empresa também pretende acelerar o ritmo este ano. O grupo, que esperava produzir no máximo 600 milhões de doses em 2021, agora acredita que pode alcançar um bilhão.
As ambições representam uma boa notícia na luta contra a pandemia. Também permitem a Moderna defender sua posição, no momento em que aumentam os projetos de vacinas contra a covid-19 e se espera que vários testes apresentem resultados nos próximos meses.
O caso da empresa é parecido com o de outra vacina, desenvolvida em conjunto pela gigante americana Pfizer e a start-up alemã BioNTech. Assim como a da Moderna, este fármaco é baseado em uma tecnologia inovadora e de êxito inesperado, RNA mensageiro.
As duas vacinas foram as primeiras a registrar resultados positivos contra a covid-19, no fim de 2020, junto com a russa Sputnik V. Pouco depois, as autoridades europeias e americanas aprovaram as vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna.
– Pilar contra a covid –
Mas há algo que distingue as empresas: o número de vacinas distribuídas. Enquanto a Moderna é um pilar da vacina contra a covid-19 nos Estados Unidos, seu país de origem, fica muito atrás nas campanhas europeias, dominadas pela Pfizer/BioNtech.
E é justamente fora dos Estados Unidos que a Moderna promete acelerar o ritmo. A empresa investirá em terceirizadas europeias, a suíça Lonza, que produz o princípio ativo – a substância que faz a vacina funcionar – e a espanhola Rovi, responsável por envasar o fármaco.
Com estas colaborações, a Moderna consegue uma solução para seu principal obstáculo, o modelo de start-up isolada, em contraste com a BioNTech, que se beneficia de sua associação com as grandes capacidades da Pfizer e já prometeu 2,5 bilhões de doses este ano.
A Moderna precisa terceirizar sua produção e não é fácil encontrar sócios como o grupo Lonza, que tem conhecimento da tecnologia de RNA mensageiro. Ao investir neste campo, a empresa americana consegue recursos para atuar com mais eficácia.
Ao mesmo tempo, a Moderna acaba de assinar um acordo com o grupo Sanofi para envasar centenas de milhões de vacinas. A empresa francesa havia assinado há alguns meses uma associação similar com a Pfizer/BioNTech.
A Moderna também está atrás da rival no armazenamento de vacinas, o ponto frágil do RNA mensageiro, por normalmente exigir temperaturas extremamente baixas.
Neste sentido, a empresa promete desenvolver até meados do ano uma vacina que possa ser armazenada durante vários meses a uma temperatura de entre 2°C e 8°C, um anúncio similar ao feito há alguns dias à AFP pelo CEO da Pfizer, Albert Bourla.