27/07/2005 - 7:00
Atire a primeira pedra quem não conhece alguém que já tenha surrupiado um roupão de hotel 5 estrelas, o cinzeiro do restaurante ou a manta do avião. É prática comum. São pequenos delitos confessados entre quatro paredes quase com orgulho. Não é, evidentemente, roubalheira que mereça prisão ou CPI. Mas é feio, embora insista-se em dizer que é atitude quase pueril.
Sob outro ponto de vista, esta tendência dos ladrões de casaca permite a criação de uma galeria dos objetos mais cobiçados (leia quadro abaixo). A gerência do hotel Emiliano, em São Paulo, 5 estrelas com jeitão de butique, faz as contas. Cerca de 10% do enxoval do hotel precisa ser reposto a cada ano só por conta dos furtos. ?Com educação, pergunta-se se o hóspede não está levando algo por engano?, diz Roberto Jeolas, ex-diretor do Emiliano. ?Mas nem é preciso abrir as malas para ter certeza do desvio?. Uma tentativa de solução, nem sempre bem sucedida mas adotada em todo o mundo, foi colocar preços nos objetos, de modo a assustar os gatunos. Por insinuosa, a atividade é difícil de ser descoberta.
No restaurante Leopoldo Plaza, em São Paulo, os cinzeiros com a logomarca do restaurante somem que é uma beleza. As subtrações geram um prejuízo que chega a R$ 4 mil anuais para o restaurante. Os mais educados, ressalve-se, levam vantagem. ?Há clientes que pedem, e ganham a permissão para levar a lembrança?, diz o gerente Gaspar Lopes. No restaurante Supra, também em São Paulo, a Acqua di Colônia (? 100), fabricada na tradicional farmácia Santa Maria Novella, na Itália, já foi levada do toalete. Para especialistas, o diagnóstico do que alguns consideram brincadeira de estilo é simples. Não se trata de doença, de cleptomania. ?Quando se pondera, quando se avalia o risco, há controle sobre os impulsos?, diz o médico psiquiatra Ermano Tavares. ?Não é o caso, com certeza. Se o furto não é feito por necessidade ou por distúrbio, então trata-se de malandragem mesmo?.
CINZEIRO:
Prejuízo de R$ 4 mil anuais com o sumiço no restaurante Leopoldo (SP)
ROUPÃO DE
BANHO: O hotel Emiliano (SP) gasta R$ 210 para repor cada peça, que não está a venda
ACQUA DI COLONIA:
A relíquia italiana de
? 100 some do toalete
do restaurante Supra