A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou nesta sexta-feira, 25, que, apesar da volatilidade global, “o setor financeiro da zona do euro manteve-se resiliente”. Segundo ela, os bancos europeus enfrentam as incertezas atuais com “posições robustas de capital e liquidez”, graças a anos de reformas regulatórias e supervisão rigorosa. No entanto, economias mais dependentes de exportações podem sentir maior impacto dos desafios macrofinanceiros, afirmou.

Nas Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), Lagarde destacou que, embora o segmento de intermediação financeira não bancária (NBFI) não apresente estresse agudo, “vulnerabilidades de liquidez seguem elevadas”. Ela alertou que, combinadas com alavancagem excessiva em alguns setores, essas fragilidades podem ampliar choques em momentos de crise. Para reforçar a estabilidade, defendeu a adoção de um arcabouço macroprudencial mais robusto para instituições não bancárias.

Sobre os criptoativos, a presidente do BCE afirmou que, atualmente, “os riscos à estabilidade financeira da zona do euro ainda são limitados”, mas advertiu que, “se as tendências atuais de crescimento e interconexão com o sistema financeiro persistirem, os criptoativos poderão vir a representar riscos”. Ela destacou a importância da regulamentação global, mas reforçou a necessidade de vigilância contínua.

Lagarde também enfatizou a importância do euro digital. “Com uma opção de pagamento digital segura e amplamente aceita, o euro digital reduziria a dependência de prestadores estrangeiros”, afirmou. Ela destacou que a iniciativa reforçaria a autonomia da UE no cenário de pagamentos digitais e garantiria a coexistência entre moeda pública e privada no ambiente digital.

No campo dos pagamentos, o Eurosistema avança na integração com iniciativas como o TIPS, que já permite transações instantâneas em múltiplas moedas. Lagarde mencionou ainda projetos para expandir sistemas de pagamento rápidos e seguros entre diferentes países.