Ronaldo Nazário, o fenômeno, sabe tudo de bola. Mas no campo dos negócios, o craque do pentacampeonato pode estar numa jogada arriscada. Na segunda-feira 8, ele inaugurou o Campus R9, centro de fisioterapia em parceria com seu amigo Nilton Petrone, o Filé ? o fisioterapeuta que recuperou o jogador de grave lesão no joelho. No negócio também está a Universidade Estácio de Sá, conglomerado de ensino que briga na Justiça com o Ministério da Educação para tocar agressiva política de abertura de franshising de faculdades do País.

 

O Campus R9 tem três mil metros quadrados, fica em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. O investimento de R$ 18 milhões foi bancado por Ronaldo, em retribuição aos esforços do amigo que acreditou que o ?Fenômeno? poderia voltar aos gramados. ?Foi muito difícil. Mas tudo deu certo e o Ronaldo brilhou na Copa. Agora vamos partir para uma nova fase?, diz um emocionado Filé. A unidade foi erguida com o que há de mais moderno. São três piscinas, laboratórios e um ginásio olímpico à disposição dos 4 mil alunos que cursam Educação Física, Fisioterapia, Enfermagem e Psicologia. O R9 foi alugado para a Universidade Estácio de Sá, da qual Filé é diretor.

 

A Estácio é hoje uma das maiores universidades do País. São 98 mil alunos, três mil funcionários, 37 unidades de ensino e um faturamento da ordem de
R$ 28 milhões. De acordo com o MEC, o grupo disputa com a USP a segunda colocação do ranking do setor. Ambos perdem apenas para a Unip, de São Paulo. Adotando o estilo fast-food, o grupo abriu unidades próximas a locais de trabalho da classe média, com mensalidades por volta de R$ 300. O projeto de expansão também incluiu a inauguração de unidades fora do Rio de Janeiro. Mas para operar em outros Estados, a Estácio teve de recorrer à Justiça. O MEC negou a abertura de alguns cursos da Universidade em outros Estados. Mesmo assim, o grupo conseguiu liminares e atua em seis Estados. O MEC investiga a legalidade da recém-criada Faculdade Integrada do Ceará. O ministério recebeu denúncias de que o centro de ensino é operado por um ?parceiro? dos donos da Estácio.

Ninguém na Universidade revela o nome dos proprietários da Estácio. Fernando Campos, diretor acadêmico, diz que os sócios não querem aparecer. Para o MEC, o dono é João Uchôa Cavalcanti, que também se apresenta como reitor. Em 2001, a Universidade ganhou as manchetes de jornais quando aprovou para o curso de Direito um analfabeto. ?O candidato apenas foi classificado na prova de múltipla escolha do vestibular?, justifica Campos. ?Ele não seria aceito na matrícula, por não possuir o diploma de conclusão do segundo grau?, explicou. Abre o olho, Ronaldinho.