06/03/2002 - 7:00
O calvário dos investidores das Fazendas Reunidas Boi Gordo não tem fim. No final de 2001, a empresa entrou em concordata. Com medo de ficar na mão, seus 27 mil clientes montaram associações para brigar na Justiça. Mas até isso deu problema. A mais agressiva dessas organizações, a Associação dos Parceiros e Credores das Fazendas Reunidas Boi Gordo (APCBG), reuniu 433 associados e arrecadou R$ 500 mil em taxas. Na Justiça, conseguiu arrestar sete fazendas e 20 mil cabeças de gado. Agora, a briga é dentro da entidade. ?Me colocaram como laranja na presidência da associação e desviaram o dinheiro das taxas?, diz a secretária Cláudia Zelenkovas. ?As acusações são falsas?, rebate Miguel Guanullo, secretário-executivo da APCBG. ?Foi uma traição grave e inesperada.?
Cláudia era secretária do escritório de advocacia Gonçalves Coelho. Em depoimento na polícia, ela diz que o escritório montou a associação de credores da Boi Gordo e a nomeou presidente. Quando as propriedades da Boi Gordo foram arrestadas, Cláudia foi enviada para o Mato Grosso para ver as fazendas. Lá, ficou sem dinheiro, deu cheques sem fundos, bateu boca com um segurança de uma das fazendas e foi parar na polícia. ?Eles me abandonaram e eu percebi no que havia caído, que eu estava sendo usada.? Claudia diz que os advogados se apropriaram de R$ 500 mil das taxas de inscrição dos associados da APCBG. ?Não quero dinheiro, só quero limpar meu nome.?
O advogado Antônio Coelho rebate as acusações. Segundo Coelho, o pai dele perdeu R$ 300 mil com a Boi Gordo e, por isso, ajudou a criar a associação. Ainda de acordo com Coelho, os associados sabiam que o dinheiro das taxas seria usado para pagar os os advogados. ?Está no contrato?, diz. Além de destituir Cláudia da presidência da APCBG, os advogados a acusam de ter tentado se aproveitar da situação e dizem que vão processá-la. Já a Boi Gordo diz que toda essa briga é inútil. ?Na semana que vem, vamos anunciar uma solução para a empresa?, diz um assessor. O calvário não acabou.