Quem tem 30 anos se lembra da lombada verde e do título dourado da enciclopédia Delta Larousse. Clássico das pesquisas escolares nos anos 70, ela rivalizava em popularidade com a Barsa. O que menos gente sabe é que a enciclopédia francesa editada na década de 60 marcou uma das poucas incursões no Brasil de uma das maiores e mais tradicionais editoras do mundo, a Larousse, com 150 anos de existência. Embora publique regularmente em mais de 40 idiomas e venda 10 milhões de livros por ano aí do lado, no México, a marca aparecia no Brasil somente em livros importados e edições conjuntas com a Ática ? um cenário que, definitivamente, vai mudar. ?Queremos ser uma editora brasileira?, anunciou, dias atrás, o executivo Philippe Merlet, presidente da Larousse francesa e manda-chuva global da companhia. Em perfeito espanhol, ele contou em São Paulo que já neste mês de abril começam a sair os primeiros títulos em português da editora, famosa por suas obras de referência. Serão 100 até o final de 2003 e marcam o início de um projeto arrojado e de longo prazo. ?Em dois ou três anos queremos chegar a um faturamento de R$ 30 milhões?, diz Merlet. ?Viemos para ficar no Brasil por 100 anos.?

Os planos da Larousse para o País são simples. Os títulos mais baratos da editora serão traduzidos e adaptados primeiro e a eles se seguirão as enciclopédias em um volume e depois os dicionários. O grau de dificuldade e investimento é crescente. A Petit Larousse, best-seller mundial da empresa, terá um grupo de 30 pessoas trabalhando por dois anos na versão brasileira. Os custos variam de US$ 100 mil a US$ 1 milhão. ?Vamos tomar todos os riscos logo no início?, avisa Merlet. As dificuldades são conhecidas ? a distribuição precária e a falta de hábito de leitura. A primeira ela pretende contornar colocando livros em supermercado, como se faz nos novos mercados da Europa oriental. Atrair para a leitura será tarefa dos títulos de conteúdo prático e atrativo. ?Não podemos errar na escolha?, diz Merlet. Ele acredita que o mercado brasileiro tem um potencial superior a 10 milhões de livros por ano e por aqui a Larousse pode conseguir sua fatia histórica dos grandes mercados ? e 7% das vendas totais. A ver.