09/06/2001 - 7:00
Os acionistas da Latasa podem enfim respirar aliviados. Depois de mais de três anos operando no vermelho e com uma dívida que chegou a bater na casa dos US$ 350 milhões, a maior fabricante de latas de alumínio do País, com 50% de mercado, parece ter retomado a trilha do crescimento. No primeiro trimestre, a empresa registrou lucros de US$ 35 milhões e conseguiu reduzir o volume e a natureza de sua dívida, hoje avaliada em US$ 150 milhões, sendo a maior parte contraída em reais e de vencimentos de longo prazo. Mais: em 2000, a companhia obteve a segunda maior rentabilidade na Bolsa de Valores de São Paulo, com o preço das ações saltando de R$ 2,00 para R$ 6,00.
A reversão da sorte da Latasa, uma associação entre Bradesco, GP Morgan e Alcoa e com 12% de suas ações negociadas em bolsa, é resultado de uma enorme reestruturação. Para comandar as mudanças, foi convidado para a presidência, em 1999, o ex-diretor da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) José Carlos Martins. O executivo decidiu de imediato reduzir o quadro de pessoal em mais de 40%. A política de redução de custos continuou com a adoção de programas de gestão e a otimização da produção. Os esforços da empresa visavam especialmente reduzir o custo do seu produto final e ganhar assim um diferencial em relação à concorrência. ?O preço da lata de todos os fabricantes é o mesmo?, explica André Balbi, diretor comercial. A saída encontrada foi remodelar o sistema de logística. ?Como o transporte é administrado por nós mas pago pelo cliente, estamos tentando reduzir o custo do frete?, diz.
Entre as soluções, está o remanejamento das linhas de produção. Para ficar mais perto dos clientes, por exemplo, a Latasa optou por transferir parte da produção de Minas Gerais para o Rio Grande do Sul, projeto que será concluído em março de 2002. Uma outra fábrica também será montada no Centro-Oeste até o fim do próximo ano. A planta gaúcha reduzirá em US$ 6,00 o custo do frete para cada mil latas. Essa redistribuição geográfica das unidades ? até o final de 2002, a Latasa contará com seis plantas do Sul ao Nordeste do País ? se tornará a grande vantagem competitiva da companhia. As concorrentes, que disputam esse mercado de 11 bilhões de latas por ano, dispõem de apenas uma planta.
Para se concentrar no negócio principal, a Latasa decidiu rever suas operações na área de reciclagem. Em março, a companhia transformou a divisão numa empresa independente, vendendo 70% de seu capital para a norueguesa Tomra, maior companhia do setor no mundo, responsável por 3% da reciclagem de plásticos e alumínios. A transação rendeu cerca de US$ 30 milhões à Latasa. ?Foi uma grande oportunidade para reduzirmos a dívida e tornar a nossa coleta e reciclagem ainda mais eficiente.?