23/09/2022 - 2:10
A safra de IPOs no agronegócio está abrindo fronteiras e ganhando novas proporções. A Lavoro, maior distribuidora de insumos agrícolas do País e uma das principais fornecedoras de insumos biológicos da América Latina, anunciou que até o final deste ano vai se tornar empresa de capital aberto. A novidade não chega a ser uma surpresa, pelo ritmo de expansão desde sua fundação, em 2017. Criada a partir de fusões e aquisições de mais de 20 distribuidoras de grande e médio portes, sob o controle do Fundo Pátria Investimentos, a empresa tem hoje 193 lojas distribuídas por Brasil, Colômbia e Uruguai.
Mas a operação em si traz conexões curiosas. A começar pelo ponto de partida dessa nova fase, os Estados Unidos. Segundo o CEO da empresa, Ruy Cunha, essa definição se justifica porque a Lavoro nasceu com o objetivo de operar em diversos países latino-americanos — em breve deve chegar a Chile, Equador, Paraguai e Peru. “A escolha nos pareceu natural, pela abrangência internacional”, afirmou. Também se destaca a opção de listagem na Nasdaq (sob o ticker LVRO), onde são negociadas ações de gigantes globais da tecnologia. A decisão pode estar relacionada com a participação do The Production Board (TPB) na transação. O TPB deve entrar com US$ 100 milhões dos US$ 235 milhões que se espera arrecadar de início na abertura de capital.
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“O ritmo de aquisições deve continuar forte por mais dois anos. Esperamos anunciar algo fora do Brasil em breve” Ruy Cunha CEO da Lavoro.
Com sede em São Francisco (EUA), o TPB é uma holding de investimentos que aposta na renovação de sistemas globais de produção em vários segmentos, incluindo a agricultura. Seu fundador, David Friedberg, foi um dos primeiros executivos do Google e um dos criadores da The Climate Corporation, que abriga a Climate Fieldview, uma das principais plataformas digitais do agro. Quem segue o setor agrícola pode já ter ligado os nomes aos negócios: a Climate Corporation foi comprada em 2013 pela Monsanto, que foi adquirida pela Bayer em 2018.
Quando a operação de abertura de capital estiver concluída, Friedberg será integrado ao Conselho de Administração da Lavoro. O executivo está entusiasmado com esse cenário. “É raro encontrar um negócio com perfil financeiro tão forte — com escala, crescimento e lucratividade significativos — e com tanto espaço para crescer nos próximos anos”, disse.
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CRESCIMENTO Os recursos que a Lavoro pretende arrecadar com o IPO serão aplicados primordialmente em sua expansão. “Devemos abrir 20 lojas ou mais por ano”, afirmou Ruy Cunha. A localização dessas novas unidades vai depender do cenário e das oportunidades. Aquisições continuarão a ser essenciais na estratégia para conquista de território, e nesse caso pesam o que a empresa oferece e sua base de clientes. “O ritmo de aquisições deve continuar forte por mais dois anos. Esperamos anunciar algo fora do Brasil em breve”, disse o CEO da Lavoro.
Outro setor que ganhará atenção é o e-commerce, pois além de melhorar a oferta de produtos permite aprimorar o atendimento aos clientes. Lançada em 2020, a plataforma digital da empresa responde por 5% das vendas totais, o que representou faturamento de US$ 81 milhões no ano fiscal de 2022. A estimativa da companhia é de que o ritmo de crescimento dos negócios pelos canais digitais seja maior do que no físico. “Daqui a pouco nem teremos mais essa diferenciação entre cliente digital e físico”, afirmou Cunha. “A compra vai acontecer de acordo com a necessidade.”