A seleção francesa de futebol vestia uniformes da Le Coq Sportif até o final dos anos 80. Mas aí apareceu a alemã Adidas, tomou conta do pedaço e foi campeã do mundo. O que ninguém imaginava é que o troco viesse tão rápido. Na Copa de 2002, a França começou sua desclassificação perdendo na estréia para Senegal, cujas camisas são produzidas por quem? Pela Le Coq. ?Foi uma feliz coincidência?, diz Estela de Mendonça, dona da marca no Brasil. Coincidência das boas. A exposição que a Le Coq obteve com os senegaleses casa com o momento de retomada da empresa. E sob a batuta de Estela e de sua sócia Marilia Salomão, a Le Coq começa a jogar bonito por aqui.

A Le Coq andava meio de escanteio, até que foi comprada por um grupo francês em 1999. Para os novos donos, a marca só teria uma chance: deixar de lado o ar clássico e mergulhar de cabeça no universo fashion e jovem. Tacada certeira. A marca que faturava US$ 50 milhões anuais deve fechar 2002 com receitas de US$ 300 milhões. Uma ninharia perto dos números de Nike e Adidas, cujas vendas atingem US$ 9 bilhões e US$ 6 bilhões/ano. Mas o suficiente para posicionar a Le Coq num time intermediário.

No Brasil, onde já trabalham com 300 itens, Estela e Marilia definiram uma estratégia que vai além do patrocínio ao futebol. Para colocar a marca em evidência, elas convocaram novos craques. O primeiro é o estilista Marcelo Sommer, que, no momento, desenha a quarta coleção para a marca. O grupo de rock Skank também entrou em campo. ?Produzimos camisas para eles usarem nos shows e, depois, vendemos estes produtos?, conta Marilia. Outra jogada foi lançar artigos na rede VivaVida e se aproximar do público feminino. A Le Coq desenvolveu 17 itens, de bolsas a jaquetas, com ar retrô. Dos dez produtos mais vendidos nas VivaVida, cinco são Le Coq.

A empresa também vai entrar no mercado de fitness. Já começou a confeccionar as roupas e, a partir de agosto, vestirá 500 funcionários da rede de uma grande academia de ginástica. ?A previsão é dobrar a cada ano?, diz Marilia. Isso sobre um faturamento de R$ 9 milhões registrado em 2001. ?Ainda somos um pintinho, mas logo cantaremos de galo?, brinca Estela.