27/05/2016 - 14:06
Quando planejado e realizado adequadamente, um grande evento esportivo pode proporcionar ao país ou à cidade sede a oportunidade de se promover globalmente, aprimorar o perfil econômico e transformar a infraestrutura urbana e desportiva. Por outro lado, é inquestionável que as complexidades para sediar uma competição aumentaram exponencialmente nos últimos anos. A imensa quantidade de atletas, suas necessidades, as demandas da mídia, as expectativas do público e as orientações e os critérios técnicos apresentados pelas federações internacionais, pelos órgãos reguladores e pelos detentores de direitos contribuíram para colocar um peso ainda maior de preocupações sobre o anfitrião.
Esses fatores potencializaram o custo da preparação e o valor dos investimentos necessários para a organização atender aos requisitos de todas as partes envolvidas. Dessa forma, as questões relacionadas ao retorno financeiro de sediar um evento estão cada vez mais em pauta. É evidente que qualquer competição de nível mundial causará impactos sobre o local, mas estes podem ser, com grande frequência, negativos diante da falta de planejamento. E é com o objetivo de provar que sediar um evento traz benefícios a longo prazo que o termo “legado” vem sendo altamente utilizado.
Diante disso, surgem novas evidências de que os pontos de aprendizado, a partir de eventos anteriores, estão sendo incorporados por licitantes e organizadores. Em uma era de intensas verificações dos investimentos e de visibilidade na mídia, participar de uma licitação para sediar uma competição pode ser difícil de ser justificado. Nesse contexto, uma estratégia clara de legado para os locais onde acontecerão as competições é de extrema importância para garantir o impacto positivo. Dessa maneira, é extremamente importante estar atendo a alguns sinais que podem direcionar e indicar o sucesso do evento e seus benefícios para a sociedade.
Primeiramente, é essencial aprender com a experiência. Com um número cada vez maior de especialistas, os licitantes têm acesso a uma ampla gama de consultores que podem ajudá-los a maximizar o impacto de eventos específicos. Também é importante pensar em utilizar as boas novidades que o aperfeiçoamento dos serviços oferece. Os avanços em aspectos técnicos estão em um nível tão elevado que ter uma experiência em uma disputa realizada dentro de uma estrutura temporária não pode mais ser considerada inferior à que se teria em um local de eventos permanente.
Ao mesmo tempo, é preciso levantar questões em relação à postura dos detentores de direitos. Iniciativas, como a Pauta Olímpica 2020 do Comitê Olímpico Internacional (COI), estão esclarecendo a importância do legado para os órgãos desportivos influentes. Outros detentores de direitos também valorizam a utilização do local para a sustentabilidade da infraestrutura desportiva. Entretanto, será interessante observar se os detentores de direitos e as federações internacionais estão dispostos a mostrar maior flexibilidade em relação aos requisitos técnicos, demonstrando maior envolvimento na estratégia pós-evento dos locais utilizados.
O resultado do surgimento do “legado” é que as discussões e soluções em relação ao tema devem ser tópicos constantes e proeminentes nas pautas de todos os licitantes e organizadores. Em termos de locais para a realização de eventos, é dever das partes interessadas apresentar uma estratégia clara, baseada em um entendimento das condições de mercado nas quais provavelmente operará quando a competição tiver sido concluída e com uma solução de legado colocada na dianteira da fase de planejamento de uma infraestrutura desportiva.