Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. Os leilões transformaram-se, definitivamente, em ótimos investimentos, tidos como um dos mais rentáveis e seguros do planeta. Quadros, esculturas, fotografias, móveis e carros antigos deixaram de ser apenas artigos de decoração. Diferentemente do mercado de ações, moedas ou fundos, eles não sofrem com as intempéries do mercado, não olham para o dólar com aflição e não sabem o que é classificação de risco. É patrimônio que se valoriza com o passar dos anos. Simples: o dinheiro se vai, mas um Rembrandt será sempre um Rembrandt.

Nas mecas dessas relíquias, casas tradicionais como a Sotheby?s e a Christie?s, o jogo é pesado. ?Para enfrentá-lo é necessário conhecer o mercado?, avisa Eduardo Stadnik, consultor em obras de arte e especialista no bater do martelo.

Para quem pretende investir em arte, 2006 será um ano promissor. Não é iniciativa destinada a amadores. É fundamental conhecer as artimanhas desse mundo peculiar, de luxo e refinamento. Em primeiro lugar, o interessado deve ficar antenado no calendário mensal de leilões. Depois de verificar as peças que serão oferecidas, o ideal é vê-las em exposição. ?Assim, é possível identificar o estado de conservação das obras?, diz Stadnik. Os leigos devem contratar o auxílio de um especialista na determinada peça que irá a leilão. O passo seguinte é se cadastrar para a disputa. Há, sim, conchavo entre alguns participantes ? embora os leiloeiros insistam em negar essa postura. Ou seja, antes do leilão as pessoas se reúnem e definem o que irão comprar. Assim, não deixam o preço subir muito.

Ao chegar no evento, cada participante recebe uma placa com um número de identificação. Basta levantá-la para dar um lance. É possível também fazer ofertas pelo telefone. Isso geralmente acontece quando as peças valem milhões de dólares e os interessados não querem aparecer. De qualquer forma, quando grandes nomes da arte como Picasso, Rembrandt, Monet, Degas, Renoir e outros ícones estão em jogo, é investimento garantido.

No Brasil, um mercado muito menor, também há espaço para ganhar com os leilões. Atualmente, o que está no auge são telas de artistas dos anos 50 e 60. ?No ano passado, avaliei um quadro do Antonio Dias em R$ 26 mil e o vendi por R$ 240 mil?, diz Soraia Cals, proprietária do escritório de arte Soraia Cals, um dos mais conceituados do País. Neste ano, a bola da vez são as obras do paisagista Roberto Burle Marx. É possível encontrar telas do artista com 1,26 metro por 1,56 metro avaliada em R$ 80 mil. ?Em cinco anos, uma obra desse porte vai valorizar 300%?, diz Soraia.

Além de obras de arte, o mercado internacional de leilões movimenta uma fortuna em carros, vinhos, fotografias e bens que pertenceram a celebridades. No próximo dia 20 de janeiro de 2006, o Vintage Motors Cars, leilão organizado pela americana RM Auctions, porá míticos carros no martelo. Entre os bólidos históricos, há o Aston Martin DB5, de 1964. O modelo, exatamente este, foi usado nas gravações dos filmes 007 contra Goldfinger, em 1964, e também no longa-metragem 007 contra a Chantagem Atômica, de 1965. Não é preciso, portanto, ser espião ou ator de cinema para ter seus dias de James Bond. Basta saber sobreviver a um leilão.