O preço do leite entre R$ 7 e R$ 10 nos mercados e padarias do Brasil foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, nesta quarta-feira (29).

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do leite no campo acumula aumento de 15%, desde janeiro. O levantamento mostra que, em Minas Gerais, por exemplo, o preço médio mensal do leite spot subiu 9% de março para abril, em termos reais, chegando a R$ 3,02/litro no último mês.

 “A valorização de leite no campo ocorre devido à menor oferta, que, inclusive, intensifica a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima. A menor produção de leite, por sua vez, é explicada pelos elevados custos de produção e pela diminuição dos investimentos ao longo dos últimos meses – o que reduziu o potencial de recuperação da oferta mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor”, explica o Cepea.

“Também é preciso pontuar que a queda nas importações e o forte crescimento nas exportações em abril também reforçaram a competição entre os laticínios para a captação de matéria-prima”, completa.

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Segundo o Conseleite/PR, o valor de referência do leite teve reajuste de 3,4% em maio, ante abril. A entidade sinalizou que a tendência de elevação nos preços deve seguir nos próximos meses. A perspectiva para julho é de que a variação possa chegar à casa dos dois dígitos.

Em maio, o preço-base fechou em R$ 2,29, ou seja, R$ 0,07 centavos a mais do que o registrado em abril. Já para a projeção de como deve fechar junho, a expectativa é de que o valor chegue a R$ 2,57, quase R$ 0,30 a mais por litro comparado com o realizado no mês anterior.

Na parcial de junho (período que vai do dia 2 ao dia 15), as maiores altas foram constatadas no leite UHT (16,2%) e leite spot (13,1%).

Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ronei Volpi, há meses o setor vem vivendo uma instabilidade sem precedentes pela conjuntura brasileira e internacional. “Estamos vendo unidades de grandes empresas suspendendo parte das atividades por falta de matéria-prima e isso é fruto do total desequilíbrio que estamos vivendo. Tivemos problemas climáticos, problemas na oferta e demanda, guerra na Ucrânia, inflação. O fato é que o mundo está virado de cabeça para baixo e esperamos que ao fim desse tsunami possamos ter novamente um horizonte de serenidade”, projeta Volpi.