Badalada no mundo inteiro por causa de sua criatividade, a propaganda brasileira começa a conquistar voz importante também nas decisões estratégicas dos grandes conglomerados do setor. A mais recente cartada é a inclusão da filial brasileira da Leo Burnett na reunião anual do conselho estratégico da multinacional norte-americana. Apesar de estar presente em 90 países, a agência chamou apenas representantes dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha, Austrália e Brasil para o encontro realizado em junho, em Zurique, Suíça. O convite é uma espécie de recompensa para os brasileiros. Em um ano, a subsidiária local saltou do 46º lugar para o 6º em faturamento dentro do grupo. ?O Brasil está entre os três países mais importantes em propaganda, ao lado dos Estados Unidos e Inglaterra. O escritório em São Paulo é o que tem mais peso na América Latina, acima do México?, afirmou à DINHEIRO o vice-presidente de criação da Leo Burnett, Michael Conrad, que esteve em São Paulo na semana passada.

Aqui, os executivos da agência são só sorrisos, pois conquistaram inclusive o direito de sediar a próxima reunião do conselho, que acontece em março, no Rio de Janeiro. A conquista da cadeira brasileira tem muita a ver com o desempenho da empresa no mercado interno. Depois de uma reestruturação iniciada em setembro de 1999, a filial deve fechar 2000 com um aumento de 20% no faturamento, atingindo US$ 250 milhões. A meta para 2001 é alcançar o quinto lugar no ranking nacional, contra a oitava posição em 1998.

Um dos segredos para esse aumento da receita foi a contratação de profissionais para marketing promocional, que estuda as estratégias nos pontos de venda dos clientes, e para elaboração de sites e banners na Internet. Objetivo: cercar o trabalho de atendimento às empresas por todos os lados. ?Atualmente, cada uma das unidades da agência no mundo tem liberdade para entrar ou não nesse mercado. Mas acredito que, em breve, criaremos uma empresa dedicada exclusivamente a esses negócios?, ressaltou Conrad. Mesmo assim, não passa nem pela cabeça dos executivos a eliminação das marcas Leo Burnett, MacManus e Dentsu, apesar da fusão econômica das agências em fevereiro passado, quando foi criada a holding Bcom3, o quarto maior grupo de propaganda do mundo, com faturamento de US$ 1,7 bilhão. ?Nossa filosofia é pensar globalmente, mas atuar localmente. A tendência é manter as empresas agindo separadamente?.