06/07/2004 - 7:00
Pedro, Silvio e Fábio são pilotos experientes. Dificilmente derrapam ou seguem o caminho errado quando têm de tomar decisões cruciais. Estão acostumados a desviar dos buracos, barreiras e pedras no meio do caminho. Eles comandam empresas que exibem números vigorosos. Para quem não os conhece vamos às apresentações: Pedro Prado, de 46 anos, é sócio da banca de advocacia Machado, Meyer, Sendacz e Opice, um gigante com escritórios espalhados pelo Brasil e mais de 500 fun-
cionários. Silvio Stagni, de 43, é o presidente da empresa de celulares Sony Ericsson, com faturamento previsto este ano de US$ 140 milhões. Fábio Burg, de 32, é o proprietário da Rai Comunicação, uma agência com receita de R$ 35 milhões. Cada um atua em áreas diferentes, mas há algo a uni-los. Os três participam do Mitsubishi Cup, o campeonato de rali da montadora japonesa. ?A prova é como a vida dentro da empresa?, diz Pedro Prado. ?Tomo decisões rápidas em momentos de muita pressão.?
A mais de 120 km/h, a bordo de picapes preparadas para acelerar em terrenos arenosos, estes profissionais do mundo dos negócios tornam-se, de fato, aspirantes a pilotos. ?Quando entro no carro não consigo pensar em nada que não seja a corrida?, diz Silvio, da Sony Ericsson. Pode parecer conversa de principiante, mas o campeona-
to tornou-se um dos mais respeitados do calendário brasileiro. Além de ser supervisionado pela Confederação Brasileira de Automobilismo, a CBA, o Mitsubishi Cup desloca mais de mil pessoas em cada prova. No início do mês, quem esteve na terceira etapa do circuito, em Belo Horizonte, pôde observar de perto o profissionalismo da categoria. Um dia antes da corrida, mais de 80 pilotos receberam as instruções em um briefing. ?É preciso conhecer e respeitar o trajeto?, diz Norton Lopes, diretor de prova. ?Em certos pontos da pista, 20 km/h a mais pode fazer o piloto perder o controle do carro.? O circuito é escolhido dois meses antes por uma equipe que avalia cada trecho. A prova é dividida em três baterias que variam de 20 a 30 quilômetros.
Por mais que exista preparação e planejamento antes da corrida, sempre há dificuldades que podem pôr em xeque o trabalho realizado com antecedência. Fábio Burg, dono da Rai Comunicação, que o diga. Em sua primeira temporada no Rali de velocidade, enfrenta uma série de dificuldades. ?Na primeira volta estourou um pneu e perdemos o freio?, diz ele. Na segunda bateria, outro pneu estourou. ?São problemas que acontecem porque estou com carro usado?, diz Burg. Sim, já há um mercado de veículos de segunda mão. De tão procurada por executivos e empresários, a Mitsubishi Cup tornou-se uma indústria de fazer dinheiro e imagem para a montadora japonesa. ?Vendemos o carro adaptado e pronto para correr?, diz Corinna Souza Ramos, diretora de marketing da Mitsubishi. Neste ano, por exemplo, a montadora estima em 60 unidades o número de veículos a serem comercializados. Os carros com amortecedores reforçados, gaiolas de proteção, bancos em forma de concha e freios especiais custam de R$ 52 mil a R$ 76 mil. ?Estamos construindo uma concessionária que terá apenas os carros de corrida?, adianta Corinna. Os veículos disponíveis são os modelos TR4R, uma espécie de utilitário esportivo, a L200R3 e a recém-lançada L200 RS. Apesar de serem máquinas preparadas para suportar terrenos irregulares e qualquer tipo de adversidade, é necessário fazer manutenção periódica. Por isso, cada piloto é quase que dono de uma equipe. ?Gasto R$ 2 mil por etapa com mecânicos, manutenção e gasolina?, diz Pedro Prado.
O rali da Mitsubishi surgiu há 10 anos. Nos primeiros tempos, a marca fazia apenas provas de regularidade, aquelas nas quais se exige habilidade do piloto em desviar de obstáculos no caminho. Como os participantes reclamavam da falta de adrenalina, a montadora decidiu criar, há quatro anos, a modalidade de velocidade. A experiência deu tão certo que o projeto restrito ao País poderá ganhar o mundo. A Mitsubishi do Japão já estuda a criação de um campeonato mundial. Os carros da competição serão fabricados no Brasil.
R$ 52 mil é o valor do carro mais barato da Mitsubishi |
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O custo médio, por prova, com manutenção, equipe de |