26/06/2019 - 17:27
O ex-presidente do BNDES Joaquim Levy disse nesta quarta-feira, 26, que a devolução de recursos da instituição ao Tesouro era uma questão “muito pacífica”. Em depoimento à CPI do BNDES, Levy disse que a devolução deveria ser feita “levando em consideração os objetivos do banco”.
Ao mencionar os R$ 30 bilhões devolvidos em maio, ele disse que esses recursos “não teriam uso nem no curto nem no médio prazo e tinham cumprido sua missão”. “Recursos parados não geram retorno para o banco e fazia sentido devolver”, afirmou.
Levy afirmou ter dito ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que seria possível chegar ao fim do ano e devolver os recursos “com conforto”. Guedes disse, em março, que o Tesouro pretendia cobrar do BNDES a devolução de R$ 126 bilhões neste ano – bem acima dos R$ 26 bilhões inicialmente planejados.
A resistência de Levy a esse pedido foi apontada como uma das causas de sua saída, anunciada no domingo, 16 de junho, um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer que ele estava com a “cabeça a prêmio”.
O ex-presidente do BNDES disse que era preciso cuidado com a devolução, pois era necessário avaliar se o dinheiro devolvido efetivamente tinha cumprido sua função no banco. Levy citou que essa condição estava prevista em acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o tema.
Levy ressaltou ainda que a discussão sobre a devolução ocorria ao mesmo tempo em que a regra de ouro também não estava resolvida no Congresso. Segundo ele, o dinheiro poderia ser utilizado como justificativa pelos parlamentares para não aprovar o crédito suplementar de R$ 248 bilhões.