No plano econômico, a vitória que o Governo acredita ter tido dentro do Congresso diz muito da atual fase. A “conquista” foi a aprovação de um déficit fiscal da ordem de quase R$ 120 bilhões para 2015. Foi a primeira vez que uma meta primária com números negativos ganhou endosso do Parlamento. E não havia outra saída. Do contrário, o calote federal estaria sacramentado. O Estado iria parar. A licença para gastar sem recursos em caixa coroa a ineficiência da gestão Dilma. Ela deu o que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, definiu como um “shutdown” na economia brasileira.

Dizimou as contas públicas. Raspou o tasco. Afundou o País na mais degradante recessão de todos os tempos. Dilma deverá entrar para os anais da história republicana como a pior administradora de todos os tempos. E os índices comprovam. Do PIB ao desemprego, passando pela inflação (que volta aos dois dígitos), não há nada que se salve. Como medida extrema, a mandatária ameaçou suspender despesas essenciais com benefícios previdenciários, emissão de passaporte e até conta de luz.

Suprema humilhação,chegou a pensar no corte de investimentos nas urnas eletrônicas, empurrando os eleitores de volta às cédulas de papel já nas eleições de 2016. Na sua fórmula muito peculiar de governar, Dilma parece acreditar que os problemas se resolvem por si só. Sem qualquer planejamento ou estratégia. O desrespeito às leis orçamentárias é apenas uma das façanhas descabidas de seu histórico na presidência. Na iminência de rebaixamento da nota de investimento para títulos brasileiros, a mandatária ignora alertas para que trate as questões econômicas como prioridade.

Atravessou o ano falando de um ajuste que não decolou e colocou em segundo plano as reformas estruturais. Por falta de pulso para implementá-las, diga-se de passagem! Refém dos políticos e de seus erros em cascata, Dilma virou uma caricatura dela mesma. Desacreditada e sem condições de realizar a grande travessia que a Nação exige e necessita. Por essas e outras que o acatamento do processo de impeachment foi encarado com esperança nos setores produtivos. A crença é que quem sabe assim irá surgir um sucessor menos perdulário e mais responsável no controle da máquina e dos projetos de investimento para a retomada.

(Nota publicada na Edição 945 da Revista Dinheiro)