22/02/2021 - 21:27
As favelas brasileiras movimento cerca de R$ 168 bilhões em consumo. Se fossem uma empresa, seria a terceira maior companhia brasileira, atrás apenas da gigante Petrobras e do grupo JBS. Além disso, são 14 milhões de brasileiros vivendo em comunidades, mais do que a população do Rio Grande do Sul. Os números são grandiosos, mas essas pessoas ainda têm dificuldades quando o assunto é conseguir recursos para empreender. Pensando nisso, o líder comunitário Gilson Rodrigues criou o G10 Bank, primeiro banco a financiar o empreendedorismo nas favelas. Na live da IstoÉ Dinheiro, conta um pouco desta trajetória e da importância da favela para a economia nacional.
“A favela é uma potência que precisa ser descoberta. Precisamos posicionar a favela de forma diferente”, diz Rodrigues ao lembrar que, apesar de ser uma população de baixa renda, as pessoas consomem muito e, como estão concentradas, gera muitos recursos para comércios e empresas.
+ O G10 Bank: O crédito que a favela precisa
A ideia foi desenvolvida em parceria com o G10 Favela, associação que reúne as dez maiores favelas brasileiras. O G10 Bank é uma instituição financeira, uma Empresa Simples de Crédito (ESC), dedicada a financiar os empreendedores da favela que muitas vezes não conseguem recursos nas instituições financeiras tradicionais. “Cerca de 40% da favela quer empreender e nosso objetivo é criar uma rede de apoio a pequenos e microempreendedores da favela”, diz.
O G10 Bank vai liberar recursos entre R$ 1.000 e R$ 15 mil e 33% do lucro do banco será revertido para a comunidade. O primeiro beneficiado com o investimento é o empreendedor Givanildo Pereira. Uma das dificuldades da favela é em relação à logística. Nem todos os moradores têm CEP e, portanto, a entrega de produtos e correspondências nem sempre é possível. Vendo a deficiência das companhias de logística, Pereira resolveu abrir uma empresa prestadora desses serviços, que recebe as encomendas dos entregadores e distribui na comunidade.
E não são só recursos financeiros que estão no projeto de Rodrigues. Uma rede de 20 conselheiros do banco, que ele não pode dizer quem são, também vai atuar com mentoria para os futuros empreendedores.
Para buscar os recursos, o morador da favela deve entrar em contato com o presidente da sua rua, essa função foi criada durante a pandemia e cada presidente é responsável por 50 famílias. Ele conhece a necessidade daquelas pessoas e pode contribuir mostrando o caminho das pedras para ir atrás dos recursos. Também dá para ter mais informações no site.
Se por um lado a pandemia trouxe perdas irreparáveis para toda a sociedade, por outro lado, mostrou que a união faz a força. Rodrigues destaca que havia uma preocupação muito grande em relação ao impacto da pandemia nas favelas, já que faltam itens essenciais, como água. Mas uma série de iniciativas adotadas pela própria comunidade fizeram com que em Paraisópolis houvesse 54 mortes para 100 mil habitantes por covid. A média da cidade é de 70 mortes para o mesmo grupo de habitantes.
Isso não significa que está tudo bem por lá. Além da falta de água, o Samu também não entra na comunidade. Para se ter uma ideia, as iniciativas locais contrataram ambulância para atender à população e mais de 11 mil pessoas foram beneficiadas.