Quando chegou aos Estados Unidos, em 1979, a Bauducco tinha um objetivo: conseguir que italianos e brasileiros matassem a saudade do panetone durante o Natal. Anos depois do primeiro contêiner da marca chegar em Nova Jersey, a companhia deu um passo importante: abriu a sua primeira fábrica fora do Brasil, nos Estados Unidos, na cidade de Miami, em 2018 e, até o meio de 2025, quer inaugurar uma segunda fábrica na cidade de Tampa.  

Apesar de dominar o mercado de panetones no país, com um market share de 80%, foi com os biscoitos wafer que a marca conseguiu pegar os americanos pela boca. A marca é a segunda maior empresa no ramo no país e, entre 2022 e 2023, foi a terceira que mais cresceu na categoria de biscoitos doces, de acordo com pesquisa da Nielsen. O vice-presidente da Unidade de Negócio Internacional da Bauducco Stefano Mozzi explicou que a qualidade dos wafers da marca foram essenciais para a entrada nesse mercado.

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“Era um produto envelhecido e de qualidade média. Nós entramos com um produto mais rejuvenescido, muito mais crocante e leve”, explicou. O próximo passo da empresa, de acordo com Stefano, é crescer no mercado de cookies. 

Além disso, um estudo sobre o paladar do norte-americano foi realizado, o que resultou em produtos exclusivos para o mercado do país para ir além do público que já conhecia a marca.

“Em pesquisas a gente percebeu que o sabor vanilla é muito apreciado nos Estados Unidos, então produzimos o panetone e o wafer sabor vanilla com exclusividade para o mercado norte-americano com o intuito de fazer produtos mais alinhados com o paladar desse público”, disse o CMO da empresa, André Britto.  

Hoje a fábrica da companhia emprega 150 funcionários, produz mais de 50 milhões de wafers por ano e abastece os mercados do México e do Canadá. A empresa não divulgou o quanto pretender investir na fábrica e nem quantos funcionários ela vai ter.

Logística do panetone atrapalha produção local

Apesar do panetone ser o principal produto da marca no Brasil, nos Estados Unidos a coisa muda de figura. A marca é líder nos segmento no país, mas o produto acaba ficando mais restrito a regiões com maior imigração brasileira e italiana. Levando isso em conta, todo o panetone vendido nos 50 países que a empresa atua é importado do Brasil. 

Britto também explica que o processo de fermentação do panetone dificulta a produção do produto na fábrica dos Estados Unidos. 

“A Bauducco é a maior produtora de panetones do mundo, e isso vem do Brasil. Nós temos uma massa madre que chegou da Itália em 1952 e é base para todos os nossos panetones e chocotones. Então é uma logística muito complicada levar essa massa para os Estados Unidos”, encerrou.