05/04/2023 - 14:38
A Koppert do Brasil abriu na terça-feira (4), em São Paulo, sua primeira etapa de captação de investidores para o Fundo Gazebo. Líder no segmento de defensivos biológicos, a subsidiária da holandesa quer utilizar os recursos para estimular startups desse tipo de insumo. Para isso, lançou uma oferta inicial para levantar até R$ 50 milhões. O público-alvo da captação são investidores profissionais, family offices e wealth managers. A própria Koppert já entra nessa etapa com R$ 3 milhões e a estruturação do Fundo de Investimento do Agronegócio (Fiagro) focado em smart money, sob a gestão da KPTL. A holandesa ficará responsável também pela prospecção de potenciais agtechs para serem investidas.
“Queremos incentivar as startups do ramo agrícola, mas não queremos investir diretamente nelas e sim fomentar negócios através de um fundo com parceiros”, afirmou a o diretor industrial da Koppert Brasil, Danilo Pedrazzoli. Com esse estímulo, a empresa espera ampliar o desenvolvimento de novas tecnologias para dar mais opções aos agricultores. “Não precisam ser tecnologias necessariamente iguais às nossas, mas sim satélites ou complementares, que alimente o ecossistema”, afirmou.
E o fundo já tem duas empresas na lista de investidas. A E-trap faz monitoramento e controle de pragas nas lavouras, utilizando produtos biológicos ou químicos, como o agricultor preferir. Já a Agro Bee, conhecida como “Uber de abelhas”, trabalha com polinização assistida, colocando juntos apicultores e agricultores. O objetivo é ajudar essas empresas a evoluir, porque a maioria tem dificuldade pra se inserir no mercado e conseguir o apoio de uma grande empresa para provar seu conceito, segundo Pedrazzoli. “Com esse fundo, fazemos o link desses dois pontos, especialmente agora que os recursos diminuíram.”
A fuga do capital de risco do mercado brasileiro ficou evidente no resultado da mais recente edição do Inside Venture Capital Report, relatório do Distrito que monitora a atuação dos fundos de investimento em startups no Brasil. Com a consolidação dos dados de março, mês marcado pela falência do Silicon Valley Bank, o trimestre chegou ao fim com uma queda de 86% em novos aportes em companhias brasileiras na comparação com o mesmo período de 2022. O levantamento apontou que foram realizadas 91 rodadas neste ano, o que movimentou o mercado com uma injeção de US$ 247,02 milhões. No mesmo trimestre do ano passado, o setor contabilizou 306 rodadas e US$ 1,7 bilhão em investimentos.
Ao fomentar tecnologias assessórias, Pedrazzoli acredita que ajudará não apenas as startups como também incentivará o produtor a conhecer e aceitar também as soluções de controle biológico da Koppert. “Quanto mais conhecimento ele tiver, melhor ele pode entender e usar as nossas ferramentas”.
Subsidiária promissora
A Koppert Brasil já se tornou a maior operação da multinacional fora da Holanda. Por isso, a empresa também está tocando um projeto de desenvolvimento de pesquisas localmente junto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). Líder mundial em controle biológico de pragas, a empresa anunciou recentemente que irá multiplicar seu tamanho em 15 vezes no Brasil até 2030. Para isso, irá investir R$ 700 milhões nos próximos três anos para ampliar seu complexo fabril na região de Piracicaba, no interior de São Paulo. Trata-se do maior investimento da Koppert fora da Holanda, de olho no potencial do mercado de biológicos no País, que movimenta algo em torno de R$ 3 bilhões e cresce na ordem de 15% ao ano. “Nós crescemos a um ritmo muito mais acelerado. Em torno de 35% ao ano desde o início das atividades no Brasil há 11 anos”, disse Pedrazoli.