20/03/2020 - 13:16
É inquestionável o sucesso da estratégia chilena de dominar o setor de vinhos no Brasil. Nos últimos 15 anos, o Chile tem se mantido como o principal provedor da bebida para os brasileiros, com uma participação que já ultrapassa 40% do mercado de vinhos finos que o Brasil importa. Manter essa liderança é um desafio para os produtores e para a instituição governamental que há 45 anos promove o vinho e demais produtos chilenos no mundo, a ProChile. Foi graças ao esforço conjunto do governo e do setor vitivinícola que a atividade se desenvolveu, se modernizou e passou a ocupar um espaço significativo na pauta de exportações do país encravado entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes. Entre os itens que o Brasil importa de lá, o salmão ocupa o primeiro lugar, contribuindo significativamente com a receita de US$ 602,74 milhões obtida em 2019. Isso porque 100% do salmão fresco vendido no Brasil vem do Chile. Como mais gente come salmão do que bebe vinho, a soma das exportações da bebida fica bem abaixo em valores: ela gerou um montante de US$ 149,70 milhões no ano passado.
Diante dos desafios impostos pelo coronovírus e da vertiginosa escalada do dólar (em parte motivada pela própria pandemia), o Chile sabe que poderá ter dificuldades por aqui. “O Brasil é um mercado prioritário para nós”, afirma a diretora comercial da ProChile Brasil, María Julia Riquelme. “Por muito tempo o Chile entrou no Brasil com grandes volumes de vinhos vendidos a preços acessíveis. Pouco a pouco, estimulamos o consumidor a conhecer produtos topo de gama.” María Julia se refere tanto às categorias Reserva e Gran Reserva quanto aos vinhos com denominação de origem – e, mais recentemente, aos orgânicos.
Nesse aspecto, um acordo firmado no ano passado entre os dois países estabelece a equivalência de homologação para produtos orgânicos. “O processo de certificação de orgânicos no Brasil era muito complexo e burocrático, o que restringia a oferta às grandes empresas”, diz a diretora da ProChile. Com a equivalência, passam a valer as certificações de cada país. Com isso, pequenos produtores de vinhos orgânicos do Chile já começam a colocar seus rótulos à disposição dos brasileiros. É o caso da vinícola Lautaro, que em 2019 participou da feira Naturebas, em São Paulo, e fechou um contrato de exportação para o Brasil. As garrafas da safra 2019 já chegam por aqui com certificado de orgânico do Brasil. Um passo importante não apenas para manter a posição de liderança do Chile, mas sobretudo para garantir condições a quem atua no vinho de forma sustentável.